OPINIÃO JOGO ABERTO: 20/03/2017
Carne podre
Atores globais têm se esforçado, nos últimos tempos, para convencer os brasileiros a consumir carnes e subprodutos com certificado de excelência. Esta ainda seria atestada pelas exportações para países onde a inspeção sanitária se destaca pelo extremo rigor.
Foi um escândalo, portanto, a operação deflagrada, na última sexta-feira, pela Polícia Federal, contra 40 empresas do setor, suspeitas de comercializar, no mercado interno, produtos vencidos, mediante a complacência de funcionários públicos comprados.
As investigações se estenderam por dois anos, envolvendo sete Estados, inclusive Minas Gerais. Funcionários de superintendências regionais do Ministério da Agricultura recebiam propina para emitir certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
O juiz federal que autorizou a operação Carne Fraca afirmou que a pasta “foi tomada de assalto por um grupo de indivíduos que traíram a obrigação de efetivamente servir à coletividade”. Prisões foram feitas de funcionários públicos e executivos das empresas.
O aumento do patrimônio dos investigados deixou claro o recebimento de dinheiro ilegal. Com vários deles, foram encontradas altas importâncias em espécie. O nome do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, foi citado na investigação. Também o PP e o PMDB.
A corrupção de agentes públicos e privados é sempre lesiva à população, mas quando se dá num setor da saúde pública, o crime aumenta de gravidade. Para maximizar os ganhos dos envolvidos no esquema, a saúde da coletividade foi posta em risco.
A lista de irregularidades é estarrecedora. Os frigoríficos usavam produtos químicos para maquiar a carne vencida, injetavam água para aumentar o peso, fraudavam embalagens e substituíam a proteína animal por soja. Nem a merenda escolar escapou.
Tão grande era a confiança dos acusados que até o mercado externo importou carne contaminada do Brasil.
por Marco Aurélio