OPINIÃO JOGO ABERTO: 17/03/2017
Passo atrás
O país assistiu, anteontem, a uma grande demonstração de força dos movimentos sociais, que foram capazes de mobilizar variados segmentos sociais para protestar, nas ruas de todas as capitais, contra a reforma previdenciária proposta pelo governo.
Tendo motivos para protestar contra o governo, não foram os 12 milhões de desempregados do país que tomaram as ruas, mas brasileiros que têm emprego e que controlam setores estratégicos do Estado, como a educação, a saúde e os transportes.
Temem perder direitos com as reformas e não acreditam que o atual governo haverá de preservá-los. Aparentemente, trata-se da desconfiança com um governo de transição. Há dúvidas, no entanto, de que qualquer presidente o conseguisse, em qualquer época.
Anteriormente, vários governos tentaram reformar a Previdência Social, mas recuaram. O assunto vem sendo discutido há décadas, enquanto aumenta progressivamente o déficit do sistema. Antes de cair, a ex-presidente Dilma Rousseff cogitou do assunto.
Em todo o mundo é assim. A previdência social é um tabu. Mudá-la é difícil em qualquer país. No Brasil, onde a maioria dos cidadãos acha que o Estado tem de prover sua existência, seja empreiteiro ou servidor público, isso parece praticamente impossível.
Nenhum outro tema mobilizaria tantas pessoas para os protestos de anteontem. Os movimentos sociais ganharam um novo gás para impulsionar suas pautas, que não têm outro sentido senão cimentar o caminho para os que ambicionam reconquistar o poder.
O Brasil exige reformas, mas a população tem de ser preparada para compreender a necessidade delas. As eleições de 2018 serão a ocasião adequada. Por enquanto, basta enfrentar a crise econômica com os recursos disponíveis. Os resultados já aparecem.
A Lava Jato já é acontecimento suficiente para dar um novo rumo ao Brasil.
por Marco Aurélio