OPINIÃO JOGO ABERTO: 16/03/2017
Reforma do fim do mundo
Os brasileiros saíram às ruas em todo o país, na última quarta-feira (15), para dizer um veemente “não” à reforma da Previdência que o governo ilegítimo de Temer tenta enfiar “goela abaixo” da população. O dia de protesto foi marcado por atos públicos, manifestações e paralisações das mais diversas categorias em praticamente todas as capitais do Brasil e em muitos municípios do interior. Em Belo Horizonte, não foi diferente, com o povo tomando o centro da cidade para demonstrar sua indignação.
Está dado o recado. Como ressaltou o governador Fernando Pimentel, recentemente, “a voz de Minas se levanta” contra uma reforma que só visa penalizar os mais carentes e retirar direitos consolidados. Que bom termos um governador que ergue a cabeça e não se furta a confrontar o poder central em nome dos interesses do povo mineiro. A mesma lógica o faz negar-se a aderir ao programa do governo federal de socorro financeiro aos Estados, à custa do sacrifício dos servidores e da entrega do patrimônio de Minas. A esse preço, conforme disse Pimentel, “preferimos continuar enfrentando sozinhos as nossas dificuldades”.
Não podemos ser ingênuos. Tanto com o pacote de maldades imposto aos Estados, quanto com a malfadada reforma da Previdência, o governo Temer passa ao largo dos interesses da ampla maioria dos brasileiros. Desmascarada a farsa do rombo da Previdência, como atestaram vários estudos, cabe-nos questionar: a quem interessa essa reforma? A meu ver, está clara a intenção de privatizar o sistema de Previdência pública. Tornando-o inviável, promove-se uma corrida aos planos de previdência privada, geridos pelas grandes instituições financeiras, que abarrotarão ainda mais seus cofres. Por sua vez, o governo Temer consegue quitar mais uma conta do golpe, satisfazendo as elites que o alçaram à Presidência. Já o trabalhador… mais uma vez, pagará o pato.
Tudo está interligado, e não há “ponto sem nó”. Uma questão de fundo para a qual poucos têm atentado é que a seguridade social está diretamente relacionada à distribuição de renda e de riquezas em nosso país. Ela é, fundamentalmente, uma forma de garantir aos mais pobres condições mínimas de vida. Por isso, a Previdência é rechaçada pelos donos do capital, seus maiores sonegadores. Regidos pela lógica do mercado, eles visam única e somente aos lucros e não admitem uma divisão mínima do “bolo”. Que ninguém se iluda: mais uma vez, por trás de tudo, está a “velha” luta de classes.
O momento é decisivo. Não há atalhos. O único caminho é a organização e mobilização da classe trabalhadora. Foi assim na conquista de direitos consagrados, como a jornada de oito horas, salário mínimo, férias e 13º salário, e assim deverá ser na defesa da Previdência. Na última quarta-feira, os brasileiros e as brasileiras deram uma amostra daquilo de que são capazes, demonstrando que não fugirão à luta. Estará o governo Temer disposto a pagar para ver?
por Marco Aurélio