OPINIÃO JOGO ABERTO : 13/04/2017
Editorial Pedra sobre pedra
Foi como se tivessem jogado uma bomba atômica sobre a classe política brasileira a autorização dada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, à Procuradoria Geral da República, para que investigue políticos citados nas delações de executivos da Odebrecht. Meio mundo político está envolvido: ministros do governo, governadores, senadores, deputados e partidos. Mais 201 pedidos, incluindo três ex-presidentes da República, foram enviados a outras instâncias da Justiça para que também estas abram inquéritos.
Os citados serão investigados por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de cartel e fraude em licitações.
O ato não representa ainda uma condenação, e pode ser que esta demore muito tempo para que se efetive. Mas todos são suspeitos, e essa circunstância deveria pautar o comportamento do eleitor daqui para a frente, nas próximas eleições.
No entanto, não parece que o eleitorado esteja aprendendo algo com a Lava Jato, a julgar pelas últimas pesquisas de intenções de voto.
O financiamento das campanhas políticas está na raiz desse gigantesco esquema de corrupção que está se desvendando no país.
Elas se tornaram tão caras que nenhum político ou partido podia financiá-las sem ter o apoio de grandes empresas, como as construtoras.
Da articulação dessas negociações, alguns se aproveitaram para fazer fortuna, como o ex-governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, e seus amigos, que chegaram a se apropriar de recursos da saúde, podendo ter causado a morte de muitos concidadãos.
A apropriação de recursos do Estado se generalizou no país e, junto com a gestão irresponsável, estava levando-o à bancarrota.
Agora, é preciso que a Lava Jato vá às últimas consequências, renunciando a qualquer conciliação em nome da governabilidade. Esta é a oportunidade de o Brasil dizer que certos comportamentos não mais serão tolerados.
Por Marco Aurelio