OPINIÃO JOGO ABERTO: 11/04/2017
Até quando Renan vai mandar no Congresso?
Que me desculpem os otimistas, pois esse é um sentimento fundamental para os que precisam salvar-se da crise, mas o Brasil não tem jeito. Quando se vê um Renan Calheiros, ou “Escandalheiro”, posando de sério, ditando cátedra sobre as reformas, supostamente em defesa dos mais pobres, fica difícil, impossível mesmo, acreditar em qualquer solução para o país sob o comando desses que aí estão.
Renan é o modelo completo do político brasileiro – há exceções, nem tantas – que hoje domina o país. É a materialização da falência de nosso Judiciário. E, infelizmente, a confirmação do que um dia afirmou Pelé, e por isso quase foi queimado em praça pública: o brasileiro não sabe votar. Com mais de uma dezena de processos no STF, com uma renúncia vergonhosa da presidência do Senado, após ser flagrado transferindo para uma empreiteira o pagamento da pensão de um filho tido fora de seu casamento, Renan resolve hoje apresentar-se como dissidente, e com uma enorme “cara de pau” pega carona na demagogia dos incapazes e resolve ser contra as reformas que estão sendo discutidas no Congresso.
Sem ter a dignidade de renunciar à liderança do PMDB na Casa, cargo que Temer lhe deu, Renan faz críticas sem apresentar soluções. Não que esteja obrigado a ser a favor das propostas, mas que primeiro deixe a liderança e depois diga por que é contra e aponte soluções. Assumir o discurso fácil de dizer-se defensor do povo, preocupado com o Nordeste, é demagogia barata de quem sabe estar mentindo. E, o mais desanimador, seu discurso encontra eco entre miquinhos amestrados que, como Renan, precisam encontrar algo a falar com seus eleitores. Afinal, 2018 vem aí, e a esmagadora maioria do Congresso não tem o que dizer em sua campanha.
Renan sabe que precisa apresentar-se agora como paladino da justiça. As pesquisas mostram que sua reeleição ao Senado está em jogo. Que hoje seu filho, governador de Alagoas, não conseguiria reeleger-se. Mais: sabe que, a qualquer momento, pode sofrer uma condenação, caso o Judiciário acorde, e, por isso, tenta posicionar-se politicamente. Não duvidem que possa conseguir reverter toda a sua péssima situação.
Há muito o povo perdeu o senso das coisas. E a capacidade de indignar-se. É num cenário assim, com Renan batendo bumbo para doido pular, e deputados de vozes empostadas, afirmando que não aceitam mudar as regras para prejudicar o povo, que se tenta encaminhar as reformas. De Temer pode-se dizer tudo, até chamá-lo de “golpista”, mas não há como negar que tem tido coragem. Coragem de propor e defender mudanças que são necessárias. Deputados, senadores e os chamados “movimentos sociais” poderiam ter a coragem e a honestidade de discutir as coisas com a seriedade necessária. Não apenas fazer o possível. É urgente que tenham a coragem de fazer o necessário. O possível dura pouco.
Para terminar, uma sugestão: se querem ajudar o povo e a Previdência, abram mão do pagamento de emendas parlamentares e de mordomias do mandato. É pouco diante do rombo do setor. Mas é, pelo menos, um gesto de boa vontade.
por Marco Aurélio