OPINIÃO JOGO ABERTO : 01/06/2017
A superação da crise política está na união de todos em torno do país.
Depois daquela quarta-feira, 17.5, em nome, para uns, do bom jornalismo, ou na busca, para outros, de um grande furo, ou com o propósito, quem sabe, de destruir nosso frágil regime democrático, o país quase parou depois de divulgadas, parte das delações dos irmãos Batista, Joesley e Wesley, donos do poderoso Grupo J&F. Premiou-se, então, a mais premiada de todas as duplas do país. Que cresceu pagando propinas e sabe lá Deus o que mais. E, de lambuja, foi absolvida dos crimes que possa ter praticado em suas andanças. Tudo feito com esmero e o apoio de nosso suado dinheirinho.
As mídias em geral – jornal, rádio e televisão, incluídas as redes sociais, que cada vez mais ganham importância, embora, às vezes, deixem totalmente de lado qualquer tipo de responsabilidade – não falaram de outro assunto.
A preocupação com o futuro deste país, todavia, que se viu jogado na sarjeta tanto aqui quanto lá fora, passou a ser questão de somenos, isto é, sem qualquer relevo ou importância.
No meio desse tsunami, lá estavam o próprio presidente Michel Temer e, ao seu lado, além de outras figuras, como os ex-presidentes Lula e Dilma (o material contra os dois, ainda bastante desconhecido, seguiu para o juiz Sergio Moro), o senador Aécio Neves, do PSDB, imediatamente afastado pelo STF, e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB). Este, aliás, considerado, hoje, o “homem da mala”, também conquistou o mesmo destino do ex-governador mineiro. E o Brasil, foi parar no CTI e nele continuará, enquanto os radicais – de ambos os lados – se esgrimam como loucos à procura de uma solução que nenhum deles enxerga – a Constituição promulgada em 1988. Que, claro, não serve a eles, que buscam, apenas, seus interesses imediatistas, pessoais ou de grupo, como sempre acontece.
Ninguém, até o presente momento, pelo menos por ora, teve a menor noção do que causou o raivoso tsunami um dia depois da comemoração, pelo governo, de alguns bons resultados na economia e na política, cujos “intérpretes” acenavam com a aprovação de reformas. Ninguém, por outro lado, é capaz de imaginar hoje o que poderá acontecer amanhã ao país se ocorrer uma destas quatro alternativas: renúncia (a melhor delas, sem dúvida), cassação da chapa Dilma-Temer, impeachment ou aceitação, pelo STF, da ação contra o segundo, movida pelo Ministério Público Federal. E a razão desse temor está nestas duas singelas perguntas: saindo Michel Temer, quem, afinal, será capaz de pegar o timão com mão firme, liderança, respeitabilidade, autoridade e conduzi-lo às eleições de 2018, conforme estabelece o calendário constitucional, que é pedra angular do regime democrático?
Não dá prá acreditar, finalmente, que os políticos honestos que sobraram no Congresso Nacional, e que não são poucos, tenho certeza, não sejam capazes de se entenderem em torno de uma agenda mínima, com vistas ao bem comum de mais de 200 milhões de brasileiros. O ódio que se dissemina na política, tanto de um quanto de outro lado, nada constrói. Só nos levará à guerra fratricida e ao atraso. Mãos à obra, senhores, enquanto há tempo.
Entendam a nobreza da missão de cada um e façam nascer entre nós uma sociedade fraterna e justa. O momento é de união em favor do país. Deixem para 2018 uma nova disputa democrática.
Fonte : Por Marco Aurelio