Samba, Bolt! Jamaicano dança com passistas e tira selfie durante coletiva
Cidade das Artes vira Cidade do Samba com integrantes do Salgueiro fazendo a recepção à equipe jamaicana de atletismo; recordista dos 100m rasos se diverte.
Comedido nas palavras e à vontade no Brasil. Usain Bolt, como de hábito, roubou a cena na apresentação da equipe jamaicana de atletismo para os Jogos Olímpicos do Rio. Sorridente, entrou no palco pedindo aplausos, brincou com Asafa Powell, caiu na gargalhada ao ouvir rap de um jornalista norueguês, e saiu de cena dançando com passistas que invadiram o auditório da Cidade das Artes com uma bateria de escola de samba. Com o microfone, no entanto, o maior nome do atletismo mundial foi polido.
Se em Londres autodenominou-se uma lenda viva do esporte, no Rio 2016 Bolt parece chegar um pouco mais precavido. A postura talvez seja fruto do problema físico que colocou em risco sua participação na Olimpíada. Ou talvez seja somente jogo de cena. As respostas mais longas e desenvoltas foram a respeito do Brasil. À vontade no país, pediu apoio do torcedor no Estádio Olímpico e se divertiu ao lembrar que teve que comprar uma televisão para seu quarto na Vila Olímpica.
– Está sendo bom até agora, não tenho do que reclamar. Meu único problema foi ter que comprar uma TV. E comprei porque o Asafa precisava e sou um bom parceiro (risos).
E mesmo Powell aproveitou o clima de festa, tirando foto com as passistas e publicando nas redes sociais com um vistoso “Bem-vindo ao Brasil”. Bolt, compartilhando o sentimento, foi só elogios à recepção dos brasileiros.
– O trabalho tem sido bom. A pista estava boa quando treinei, e a programação… Até agora, não tenho nada mesmo para reclamar. É sempre bom ir a um país diferente e sentir o amor das pessoas. Estive aqui outras vezes, corri na praia, sempre senti esse apoio. Então, estou feliz por estar novamente aqui. Espero que seja assim no estádio, porque sentir toda a energia da torcida é o que realmente conta.
Logo na primeira resposta, o velocista de 29 anos admitiu que o Rio marcará sua despedida de Olimpíadas e lamentou que a reta final de preparação não foi como esperava:
– Sim (é a despedida olímpica). As pessoas não estão felizes, mas me desculpe. Darei meu máximo novamente. Não foi uma temporada perfeita. Estou muito triste por não competir no classificatório (nacional), mas continuo apaixonado por esse esporte. Desde pequeno, cresci esperando as grandes competições. Trabalhei para dar o meu melhor nesse campeonato e vou dar 150% sempre.
Bolt adotou a humildade até mesmo para falar dos concorrentes. Depois de Asafa Powell dizer que não aponta os principais adversários porque só consegue ver os jamaicanos, a estrela da companhia colocou o pé no freio. Nem mesmo Justin Galtin, grande rival e detentor das melhores marcas recentes dos 100m rasos, foi citado.
– Nunca falo de uma pessoa. Falo sempre de oito pessoas (finalistas). Se colocarmos o foco somente em uma pessoa, tudo pode acontecer. Tenho que estar preparado e fazer o meu melhor.
Na Rio 2016, Bolt buscará três ouros para chegar a nove na carreira: 100m e 200m rasos, além do revezamento 4 x 100m. E o Raio deixou revelou qual a disputa que mais o preocupa:
– Estou nervoso para os 200m por alguma razão. Sei minhas fraquezas, meus pontos fortes. É só chegar lá e fazer, mas por algum motivo fico nervoso. Espero que ocorra tudo bem.
A seriedade a cada resposta sobre performance contrastou com habilidade para divertir o público. Ciente da importância de ser não somente uma figura esportiva, mas também de entretenimento, o jamaicano fez o tradicional gesto do raio, perguntou aos fotógrafos se queriam que tirasse a camisa como Asafa Powell, filmou para o Snapchat a performance de repórter norueguês e tirou uma selfie coletiva.
Quando se preparava para deixar o palco, Usain se assustou com o som de uma bateria de escola de samba e se divertiu com a presença de passistas. Depois de arriscar alguns passos de samba, emendou uma coreografia e deixou o palco com o grupo. Agora, só dia 13 de agosto, quando volta aos holofotes para as eliminatórias dos 100m rasos, no Estádio Olímpico..