Pugilistas veem mancha no boxe após segundo caso de estupro na Rio 2016
Campeão mundial, russo Evgeny Tishchenko se diz decepcionado com casos de Jonas Junias e Hassan Saada, que foram presos durante os Jogos Olímpicos do Rio.
O boxe foi duramente golpeado neste início de Olimpíada Rio 2016. Pelo menos essa é a visão dos atletas da modalidade, após dois pugilistas serem presos por estupro na Vila Olímpica. O primeiro caso aconteceu na última sexta-feira, quando o marroquino Hassan Saada foi preso acusado de assédio sexual por uma camareira que limpava seu quarto. Ele foi preso e teve seu habeas corpus negado, o que causou sua eliminação do torneio. Nesta segunda-feira ocorreu o segundo caso, com Jonas Junias, da Namíbia, preso pelo mesmo motivo.
Na opinião do campeão mundial e favorito a ganhar a medalha de ouro na Olimpíada, Evgeny Tishchenko, os casos mancharam o esporte. O russo, que eliminou o brasileiro Juan Nogueira nas oitavas de final do peso-pesado (até 91kg) nesta segunda-feira, se disse decepcionado com a situação.
– Ouvi a respeito disso, e acho muito inapropriado que esses boxeadores atacaram essas mulheres. É claro que deixa uma mancha no boxe, estou muito decepcionado com isso – afirmou, ao GloboEsporte.com.
O colombiano Yurberjen Martínez, que também se classificou para as quartas de final, mas no peso-mosca-ligeiro (até 49kg), concordou com Tishchenko e ainda aproveitou para se exaltar ao comentar a situação.
– Afeta bastante a imagem do boxe, isso não deveria acontecer. Fico muito triste por ele, mas aqui estamos mostrando o lado bom do boxe, com um boxeador como eu.
Entre os atletas que falaram com a reportagem a respeito do caso, apenas Juan Nogueira mostrou-se despreocupado com uma possível mancha na nobre arte.
– Não estava nem sabendo. A gente estava muito focado, desligado de internet, não sabia. Se fizeram isso mesmo têm que pagar como qualquer outro, ainda mais se tratando de estupro, uma violência tão grave. Que ele seja julgado e penalizado por isso. Não acho que isso manche a imagem do boxe porque podia ser no boxe ou em qualquer esporte. Infelizmente foi no boxe, mas não tem nada a ver com os boxeadores. Nunca vi acontecer nada disso – declarou.
Houve também os que não quiseram opina, como o alemão Arajik Marutjan, eliminado no peso-meio-médio (até 69kg).
– Eu não ouvi nada disso ainda, estava focado nos treinos e na minha competição. Não sei se tudo isso é verdade, para isso existe a Polícia e a Justiça.
Jonas Junias foi o porta-bandeira da Namíbia na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos e lutaria no dia 11, na categoria meio-médio-ligeiro (até 64kg), contra o francês Hassan Amzile. Agora, o atleta depende de um habeas corpus para ser liberado a tempo de evitar sua eliminação por W.O.
Fonte: globoesporte