OPINIÃO JOGO ABERTO: 03/03/2017
COMPASSO DA JUSTIÇA
Não era para vazar, mas vazou, em parte, o depoimento que Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, prestou ao ministro Herman Benjamin, relator do processo no TSE que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico.
O processo anda no ritmo da Justiça brasileira, por isso o PSDB, que entrou com a ação, porque perdeu as eleições presidenciais de 2014, hoje não teria mais interesse nele. O partido está no governo, sendo a segunda legenda da base de apoio do presidente.
Daí o constrangimento quando o ex-dirigente da Odebrecht confirmou pagamento à campanha da chapa Dilma-Temer de recursos de caixa 2 acertados com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega. O valor total seria de R$ 300 milhões.
Marcelo disse não ter certeza se Dilma e Temer sabiam da operação. A ex-presidente diz que é mentira, enquanto Temer, apesar de admitir que jantou com Marcelo durante a campanha para pedir uma contribuição, alega que não tratou de valores.
Caixa 2, está comprovado, é dinheiro de corrupção, o esquema montado no país para encarecer obras públicas e desviar recursos públicos para políticos se manterem no poder. De quebra, enriqueceu também executivos de estatais e funcionários públicos.
A corrupção é um fenômeno do capitalismo atrasado que não exige competência técnica das empresas privadas, mas falta de escrúpulos para pagar suborno a políticos e funcionários do governo para terem acesso a obras públicas. O fenômeno não é exclusivo do Brasil.
A ação no TSE pode acarretar a cassação do mandato do presidente Michel Temer, com convocação de eleições indiretas no Senado. Mas é improvável que isso ocorra. O mandato de Benjamin termina em 2018, e o presidente do TSE é o ministro do Supremo Gilmar Mendes.
Não será surpresa se o julgamento ocorrer depois das eleições de 2018 e, quiçá, depois do fim do mandato de Temer.
por Marco Aurélio