Visão de Fato – 03 de Fevereiro de 2025

A fábula do ministro despreparado que destruiu a economia do Reino
Por Roberto Motta
Era uma vez um reino muito, muito distante onde vivia um homem que entendia pouco de economia e que foi nomeado pelo rei como ministro da economia.
Os comerciantes e investidores de outros países, que queriam fazer negócios e investimentos naquele reino, sentavam-se ansiosos em reuniões com o ministro apenas para constatar que o ministro da economia pouco entendia desse assunto. Assim o reino perdia fortunas em investimentos e negócios.
Os funcionários do Ministério da Economia, que já tinham servido a muitos reis e rainhas, e tinham testemunhado eventos fabulosos e indescritíveis, nunca tinham visto um ministro da economia com tão pouco conhecimento do trabalho realizado no ministério. O ministro sequer dominava o vocabulário básico para se comunicar efetivamente com seus subordinados.
Os grandes financistas do reino tinham, em grande parte, apoiado o projeto político do rei, esperando lucrativas oportunidades de negócio. A nomeação de um ministro da economia que nada entendia do assunto não os assustou. Ao contrário; muitos animaram-se com a possibilidade de servir como guias e intérpretes nos assuntos financeiros e comerciais. Mas o desejo não se realizou: o ministro perseverou, ignorante e confiante, sozinho e despreparado, na tarefa de embaraçar e atrasar a economia do reino. O tardio arrependimento dos financistas de nada lhes serviu.
Os parlamentares logo perceberam que era inútil, ou não era necessário, conversar com o ministro. Qualquer coisa discutida com ele sempre poderia ser modificada, expandida, reduzida ou completamente anulada em conversas posteriores com outros ministros, com o próprio rei ou até mesmo com o ministério da propaganda, de onde as medidas econômicas pareciam, cada vez, se originar.
Dentro da corte era cada vez maior o rancor contra o ministro. Os cortesãos se ressentiam do fato de que o ministro da economia, que não entendia de economia, ocupava um cargo que poderia ser mais lucrativamente ocupado por alguém com mais habilidade e melhores perspectivas políticas, e que não colocasse a corte em tantas situações constrangedoras.
Mas e sua alteza real, o que pensava? O rei – que também nada entendia de economia – estava satisfeito com a maleabilidade política e moral do ministro, sempre disposto a cumprir ordens sem questionar, mesmo após as inúmeras ocasiões em que havia sido contrariado, humilhado e desacreditado pelo próprio rei. A ignorância do ministro não incomodava o rei; a maioria dos outros ministros também não tinha qualquer conhecimento dos assuntos de suas pastas.
Acima de tudo, o ministro oferecia ao rei e ao seu governo um elemento essencial: um fusível, uma válvula de escape, um bode expiatório para receber a culpa se as coisas não dessem certo. E as coisas dificilmente dariam certo naquele reino muito, muito distante, onde um homem que não entendia nada de economia havia sido encarregado de administrá-la.