Vigilância é palavra de ordem para pecuarista ajudar na erradicação da febre aftosa em Rondônia
Técnicos e representantes de federações firmam compromisso de estabelecer vigilância máxima entre estados e países vizinhos.
Patas e bocas do boi estarão agora bem mais visíveis aos olhos do pecuarista, do fiscal de sanidade animal e dos frigoríficos.
Reunidos nesta quinta-feira (5) na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon), técnicos e representantes do setor debateram a ampliação da zona livre da febre aftosa e ações unificadas com o apoio de estados vizinhos.
Em ata, os representantes de órgãos públicos protocolaram 101 ações orientadoras do programa, prevendo que o exercício permanente da vigilância nas divisas (AC, AM e MT) e na fronteira Brasil-Bolívia será a grande alavanca para garantir sanidade total dos rebanhos.
Ao mesmo tempo em que atende aos rigores do Programa Nacional de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), Rondônia, estados e países limítrofes integram o chamado Plano Hemisférico, supervisionado pela Comissão Sul Americana de Luta contra a Febre Aftosa. Ou seja, a luta é também da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai.
O fim de aplicação vacinal no País deverá ocorrer até 2023. Rondônia é o sexto maior rebanho bovino brasileiro, com 14 milhões de cabeças. Seus frigoríficos exportam para 40 países.
O que acontecerá se o pecuarista vacinar, a partir da declaração de área livre da doença, em maio próximo? O encontro serviu para alertar o setor a respeito de infecções animais e das reais garantia de imunidade. Como provar aos mercados que os rebanhos estão clinicamente sob controle, se o pecuarista deixar de observar o vizinho de cerca?
“Nosso debate começou há um ano, a comissão é hoje o centro decisório”, afirmou o presidente da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), Anselmo de Jesus. Referiu-se à Coordenação e Gestão do Pnefa, autorizada pelo Decreto nº 22.418, de 21 de novembro de 2017 e Portaria 116/2018, que designou membros.
“Com a retirada da vacinação, os custos passam para o Estado e à União, a fim de que as garantias sejam mantidas e o risco mitigado”, apontou o audiovisual da Idaron. Para Anselmo, Rondônia será área livre “quando a propriedade com o mínimo de bois, um apenas que seja, estiver georreferenciada e sob vigilância. “Essa é a garantia da sustentabilidade”.
“Muita gente desconhece as consequências de produtos e animais contaminados entre um país e outro, e mesmo observando o crescimento da pecuária leiteira em minha região, queremos melhorar”, disse o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Emerson Lira da Cruz, referindo-se a Nova Mamoré, seu município.
ALINHAMENTO
Na opinião de Anselmo, Rondônia “dá o pontapé inicial” para o envolvimento de outros estados na campanha. “Antes o debate foi prejudicado por causa da Carne Fraca, da qual muitas lições foram tiradas”, comentou aludindo-se à operação d a Polícia Federal que resultou na investigação das empresas JBS (dona das marcas Seara, Swift, Friboi e Vigor) e BRF (dona da Sadia e Perdigão) acusadas de adulterar a carne que vendiam no mercado interno e externo.
“Nossa meta mais urgente é agora o alinhamento de todos os segmentos”, disse o presidente da entidade, Hélio Dias. Ao lançar o adesivo “Rondônia pecuária sustentável”, que sucede o antigo “Boi natural”, ele conclamou pecuaristas a agregar valor à arroba do boi, e reduzir prejuízos.
“Essa transição para a suspensão da vacina é importante no momento econômico rondoniense, amazônico e brasileiro”, ele considerou. As exportações de carne bovina rondoniense totalizaram R$ 511 milhões em 2017.
Associações de Alta Floresta d’Oeste, Ji-Paraná e Rolim de Moura telefonaram a Hélio Dias, manifestando ânimo e apoio. “O Ministério da Agricultura acredita em nós”, ele reforçou.
No plano, o País foi dividido em cinco blocos, para que seja feita a transição de área livre da aftosa com vacinação para sem vacinação. Integram o Bloco I, Acre e Rondônia; o Bloco II: Amazonas, Amapá, Pará e Roraima.
A Agência Idaron trabalha com a possibilidade de integrar a fiscalização com Rondolândia e Comodoro (ambas em MT). Historicamente, a maioria da população (3,5 mil habitantes) da primeira tem maior ligação com Ji-Paraná e Cacoal, enquanto Comodoro (19 mil) tem ligação com Vilhena.
AQUOSA E OLEOSA
Em agosto de 2017, já prevendo o fim da enfermidade, o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, médico veterinário Emílio Carlos Salani, explicou que a indústria poderia encapsular ou desenvolver vacinas em organismos geneticamente modificados.
Esse sindicato representa 80 empresas de medicamentos veterinários que atuam no País.
Salani comparou a febre aftosa com outras enfermidades, afirmando que a vacina da aftosa não tem tantas evoluções desde que foi criada, na década de 1980. No entanto, apontou melhorias: “Ela era aquosa e aplicada a cada quatro meses, e com a oleosa, o tempo passou para seis meses. Há oito anos, quando o Brasil alcançou a condição de livre com vacinação para a maior parte de seu território, abriram-se as portas para a sua carne bovina”, assinalou.
Segundo Salani, pela atual composição viral da vacina, ao recolher o sangue de um bovino e constatar a presença de anticorpos do vírus da aftosa, é possível diferenciar se eles são de um animal que foi vacinado ou de um animal que foi infectado. Essa análise é decisiva para exportar carne a alguns países, porque é preciso provar que não há circulação viral.
MAIORES REBANHOS
Os municípios com os maiores rebanhos do estado são:
Porto Velho (970,5 mil)
Nova Mamoré (651,6 mil)
Jaru (543 mil, Buritis (502,1 mil),
Ariquemes (477,8 mil)
Cacoal (463,6 mil)
Campo Novo (433,3 mil)
Ji-Paraná (432,6 mil),
Alta Floresta do Oeste (408,9 mil)
Cacoal (408,9 mil)
VIGILANTES DO BOI
O Plano Estratégico do Programa Nacional de Febre Aftosa (Pnefa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem a participação de diversos representantes em comissão, todos designados por portaria governamental:
Anselmo de Jesus Abreu (Idaron), Fabiano de Alexandre dos Santos (suplente)
José de Arimatéia da Silva (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia)
José Renato Alves (suplente), Elias Robles Soliz (Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
José Walterlins Calaça Marcelino (suplente)
Mary Terezinha Braganhol (Secretaria Estadual da Agricultura), Júlio César Rocha Peres (suplente)
Mauro Ganaha (Secretaria Estadual de Finanças), Marcelo Hagge Siqueira (suplente)
Deputado Lazinho da Fetagri (Assembleia Legislativa), Olavo Nienow (suplente)
Licério Corrêa Soares Magalhães (Conselho Regional de Medicina Veterinária)
Clariana Lins Lacerda (suplente), Hélio Dias (Faperon), Edson Afonso (suplente)
Homero Raimundo Cambraia (Fundo para o Desenvolvimento da Agropecuária em Rondônia)
Adélio Barofaldi (suplente), Cláudio Roberto Rodrigues Junqueira (Fundo de Apoio a Defesa Sanitária Animal do Estado de Rondônia)
José Vidal Hilgert (suplente), Fábio de Assis Menezes (Fetagro)
Lessandra Machado Dutra Silva (suplente), Marcelo Thomé (Federação das Indústrias), Gilberto Baptista (suplente) Robson Ferreira Pêgo (Sindifrigo), Emiliano Cristiano Olsen Notário (suplente)
Euvaldo Foroni (Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Rondônia), e Salatiel Rodrigues de Souza (suplente).
Fonte:SECOM