Tratamentos disponíveis para TDAH em crianças: uma revisão atual
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição frequente de saúde mental entre os jovens, apresentando uma taxa de ocorrência de aproximadamente 5,3%. Os indivíduos jovens divulgados com TDAH têm maior tendência a enfrentar problemas futuros relacionados à tomada de decisões arriscadas, como o uso indevido de drogas, acidentes de trânsito, práticas sexuais sem proteção, atitudes delituosas e tentativas de autoextermínio. Embora o tratamento primário seja baseado em medicamentos estimulantes outras abordagens terapêuticas têm sido exploradas como o treinamento cognitivo neurofeedback, neuromodulação e estratégias alimentares e nutricionais. O artigo Tratamentos para TDAH em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática publicado não Pediatria fornece uma visão geral das opções de tratamento disponíveis.
Metodologia
A revisão conta com a colaboração de diversos órgãos, incluindo a Agência para Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) e a Academia Americana de Pediatria (AAP), além de contribuições públicas e de um painel de especialistas técnicos (TEP). O objetivo era avaliar tratamentos para TDAH em crianças e adolescentes com menos de 18 anos, comparando-os com diferentes grupos de controle e focando em estágios de saúde e psicossociais. Os estudos elegíveis incluíram ensaios clínicos planejados (ECRs) para medicamentos e outros desenhos de pesquisa para tratamentos não farmacológicos, com a exigência de terem pelo menos 100 participantes ou um cálculo de poder.
A revisão, registrada no PROSPERO e seguindo as metodologias do Programa de Centro de Prática Baseada em Evidências da AHRQ, foi realizada em inglês e incluída pesquisas publicadas a partir de 1980. As bases de dados pesquisadas foram PubMed, Embase, PsycINFO, ERIC e ClinicalTrials .gov.
Resultados
Foram incluídos 312 estudos relatados em 540 publicações. Os pesquisadores constataram evidências que enriqueceram o entendimento sobre os tratamentos do TDAH. Uma quantidade específica de terapias foi avaliada em estudos bem estruturados, fornecendo informações sobre os efeitos desses tratamentos em crianças e adolescentes com TDAH.
As evidências indicam que diversas categorias de intervenção apresentam melhorias significativas na severidade dos sintomas, incluindo efeitos amplos, porém variáveis, para as anfetaminas, efeitos moderados para o metilfenidato, inibidores de recaptação de noradrenalina (NRIs) e alfa-agonistas, além de efeitos modestos para tratamentos psicossociais voltados para jovens, suporte parental, neurofeedback e disciplinas nutricionais ou com suplementos. Intervenções cognitivas e escolares não apresentaram melhorias significativas nos sintomas do TDAH. O nível de evidência para os impactos foi alto para medicamentos aprovados pela FDA, como metilfenidato, anfetaminas, NRIs e alfa-agonistas; moderado para disciplinas psicossociais; e baixo para suporte aos pais, neurofeedback e abordagens nutricionais. A combinação de guanfacina com medicação estimulante em uma melhoria adicional, pequena, mas significativa, nos sintomas do TDAH em comparação com o uso isolado de medicamentos estimulantes (nível de evidência moderada).
O estudo descreve que há evidências limitadas de estudos comparando tratamentos alternativos diretamente e análises indiretas identificaram algumas diferenças sistemáticas entre estimulantes e não estimulantes. Por fim, a combinação exclusiva de medicamentos com disciplinas psicossociais dirigidas aos jovens não produziu sistematicamente os melhores resultados do que a monoterapia, embora alguns resultados tenham sido avaliados.
Conclusão
A revisão fornece evidências de que existe uma ampla gama de tratamentos disponíveis e benéficos para o TDAH. Entre eles estão os medicamentos estimulantes e não estimulantes abordagens psicossociais externas para os jovens suporte parental neurofeedback e estratégias nutricionais, apesar das disciplinas não farmacológicas apresentam efeitos significativamente mais fracos sobre os sintomas quando comparados aos medicamentos.
Comentários
O artigo apresenta uma revisão abrangente dos tratamentos disponíveis para o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em crianças e adolescentes. Destaca-se uma diversidade de opções terapêuticas, incluindo medicamentos estimulantes e não estimulantes, intervenções psicossociais, apoio aos pais, neurofeedback e abordagens nutricionais. Embora os medicamentos mostrem eficácia mais robusta na redução dos sintomas do TDAH, as intervenções não medicamentosas oferecem alternativas importantes, especialmente considerando os efeitos adversos associados ao uso de medicamentos. O artigo ressalta a importância de uma abordagem individualizada no tratamento do TDAH, proporcionando aos pacientes, familiares e profissionais de saúde uma gama de opções para um manejo eficaz da condição.
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Autor
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhado como UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionado pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
- PETERSON, Bradley e outros. Tratamentos para TDAH em Crianças e Adolescentes: A Sistemático Análise. Pediatria., v.153, n.4, e2024065787, 2024