Tite elogia desempenho no segundo tempo para superar sofrimento: “Deu aula”
Técnico cai no gramado ao comemorar o primeiro gol e admite não ter assistido aos jogos dos principais rivais na Copa do Mundo.
O sofrimento do Brasil para vencer a Costa Ricanos acréscimos do segundo tempo foi um reflexo do que vem acontencendo na Copa do Mundo. Alemanha, Argentina, Espanha, Inglaterra, Uruguai e França também não tiveram vida fácil. Os campeões penaram, e a seleção brasileira conseguiu sobreviver para chegar na última rodada dependendo apenas do seu resultado para se classificar para as oitavas de final.
O técnico Tite admitiu não ter assistido aos jogos durante a Copa do Mundo e preferiu não avaliar o sofrimento dos rivais. Com relação ao Brasil, procurou elogiar o desempenho do time apesar da dificuldade para encontrar o gol e vencer o jogo. O sofrimento foi tanto que, ao comemorar o primeiro gol, caiu no gramado e sofreu uma lesão na perna direita.
– Não posso falar dos outros. Não assisti a nenhum jogo e poucos gols eu vi tamanha é a tensão, respooinsabildiade, alegria de equilibrar tudo. O impacto da necessidade de vencer dá uma dimensão grande. Assisti a muito pouco dos jogos para avaliar. Tem um componente emocional muito forte, concentração, não desesperar, botar volume, volume, volume, avaliar por vezes desgaste do adversário ou não ou queda para ganhar tempo. Volume ou queda para ganhar tempo. Pensei que era 95 e deu 97. Essa capacidade mental que essa competição exige – disse Tite.
O Brasil enfrenta a Sérvia quarta-feira, na última rodada do Grupo E.
Outros trechos da entrevista coletiva de Tite.
Jesus e Firmino juntos
“A gente tem um tempo junto com os atletas, e as características fazem com que você possa arriscar a execução de uma função. Estudamos bastante o Firmino na posição que ele tem, o adversário com uma linha de cinco e uma de quatro. E nisso estão inseridas as virtudes que ele tem ali. Conversamos, não treinamos, mas preparamos o atleta para essa função. Chamei ele: “a gente vai criando algumas alternativas táticas”. Quando mostrei para ele no quadro ele abriu um sorriso: “Professor, eu gosto de jogar ali, eu tenho essa condição”. A gente tá descobrindo as características do atleta”.
Segundo tempo
“Grande segundo tempo. Deu aula. Três vezes: grande segundo tempo. Conseguiu botar volume, precisão, Navas jogou muito. Primeiro tempo não, início nervoso, errando passe. Segundo tempo retomou, errando passe. “Domina bem pra passar bem, e aí vai poder criar as oportunidades”. Douglas tem amplitude na direita e na esquerda, com a entrada do Firmino a gente tem o Fagner construtor e cinco mais enfiados. Outra coisa que eu preparei foi: “Vou ter problema com o Fagner, boto Marquinhos e Fernandinho pra fazer a função. Não precisou”. Não imaginava que ia acontecer isso com o Danilo, no último lance do treino”.
Queda na festa
“Me fisgou. Não é contratura. Fisgada também não é. Rompeu a fíbia. Não consigo andar direito. na hora da comemoração, estávamos criando volume, toda uma situação. Time focado, criava, oportunidades, tudo que queríamos desde o primeiro tempo. No segundo tava acontecendo não é possível, tudo que a gente está fazendo e não sair gol, o Navas tirando tudo, a gente não acredita! Quando saiu o gol, o Ederson me bateu, aí quando eu vi o Cássio me bateu também, aí ferrou. Eu ia lá comemorar junto, mas não deu”.
Neymar
“Toda a individualidade aparece se o conjunto estiver forte, é desumano colocar a responsabilidade em um atleta. Eu tenho que assumir a minha responsabilidade, o Sylvinho, o Douglas Costa para a individualidade surgir. O Neymar ficou três meses e meio parado e a partida anterior foi a primeira. Ele é um ser humano, precisa de tempo para retomar o padrão alto. Mas antes de um padrão alto, precisa de um time forte, de não ser dependente.”
“Eu não conversei com o Neymar. Vou para a minha parte até baixar a adrenalina, só tive contato com Coutinho. Nem vi esse lance, não tenho como fazer a avaliação. Mas uma coisa eu posso te falar: a alegria, a satisfação e o orgulho de representar a Seleção é muito grande. Ele tem a responsabilidade, a alegria, a pressão e a coragem pra externar esse sentimento. Eu, por exemplo, sou um cara emotivo, mas cada um tem a sua característica. Eu respeito as características de cada um”.
Colocação no grupo
“A busca de ser primeiro não está em pauta. Vejo a equipe consolidar e crescer, vai se construindo ao longo da competição. Eu como técnico tenho que ficar observando para oportunizar a construção dessa equipe. Se fosse uma equipe que nos dois jogos teu goleiro fez duas defesas, tu quer que tenha essa consistência defensiva? Sim. Quer a atuação ofensiva dos dois jogos? Sim. Mas quer a precisão desses dois jogos? Sim! A bola passou no meio das pernas do Navas, então bota aí a precisão. Em termos criativos e de construção, (a Seleção) está devendo. Precisa ser mais equalizado, equilibrado”.
“Tanto pode dar como pode não dar. Eu, Adenor, não o Tite técnico. Com uma pitada a mais do que o Gabriel, que eu falei que era de interpretação. Se sou eu o árbitro, cal. Se sou eu, não volto. Mas respeito porque é passível de interpretação. Não precisamos de arbitragem para vencer jogo, queremos que seja justa. Tal qual foi olhado agora, que tivesse sido olhado antes. E interpretem da forma que quiserem, mas olhem, sejam iguais para todos. Para mim, Adenor, é pênalti. Aquele do Gabriel eu até não daria. O Brasil não quer auxílio, os atletas e o técnico não querem. Quer ganhar sendo mais competente”.
Coutinho
“Quando você fala de Coutinho, fala de equipe. Quando fala que vem dois caras dar entrevista coletiva, é porque é uma equipe de trabalho. Esse é o desafio do futebol: encontrar individualidades que se potencializem, inclusive Coutinho, Neymar, os dois zagueiros que jogaram muito e outros que surgirem ao longo dos jogos”.