Opinião Jogo Aberto – 24 de Outubro de 2018

Nem Lula livre, nem já ir me acostumando: quero um futuro alvo.

Já vivemos muitas jornadas, perdemos sonhos e a ingenuidade. Hoje, entendemos bem que disputa eleitoral tem muito de estratégias, ilusionismo, mentiras e acusações. Campanhas transformam o país em um grande circo, onde leões, tigres, raposas, cobras e lagartos dividem o palco com mágicos e palhaços; onde anões lutam com gigantes; onde artistas buscam o apoio e o aplauso da plateia que, participativa e apaixonada, toma seu partido em cada ação.

Eleições são espetáculos de ilusões. A corrida eleitoral deste ano não foge à regra, mas tem um aspecto singular, próprio destes tempos sombrios, ingratos, que o país está vivendo. Não se vota para escolher o melhor, mas para evitar o pior. O voto útil é o voto do ódio. O voto deixou de ser um instrumento de escolha para se transformar em veto ao outro candidato.

Os políticos não perceberam as consequências das manifestações de 2013. Fecharam os olhos para suas causas. Imaginaram que poderiam continuar com as velhas estratégias de mentiras e enganações. O PT, à época no poder, desdenhou o grito das ruas, venceu as eleições de 2014, continuou negando as evidências de corrupção e levou a economia para a maior recessão da história. Com o PT desmoronou todo o corroído sistema político-eleitoral.

Nenhum partido passou ileso às evidências de relações ilícitas e corruptas com o setor privado. O que apareceu e cresceu à margem do jogo político do poder foi a candidatura de Bolsonaro, ancorada nos mais reacionários e conservadores valores, colidindo com os princípios fundamentais da democracia moderna, com o reconhecimento à diversidade e com o respeito ao outro e às leis. Seu símbolo é uma arma, sua força, o ódio.

Assim, a combinação da prática sectária e divisionista do “nós contra eles” com a corrupção desregrada do PT e seus aliados gerou, como força oposta, o também sectarismo originário das mais perversas práticas de autoritarismo e de desrespeito aos direitos humanos.

Ódio e intolerância, medo e violência passaram a dominar o processo eleitoral. Na reta final, os candidatos estão se transvestindo em cordeiros, na procura daqueles que os rejeitaram no primeiro turno. Escondem seus reais objetivos e intenções de como querem governar. Tentam conquistar eleitores com o argumento do voto responsável, que no fundo tem a mesma lógica do veto ao outro.

Para muitos, o voto útil se ampara na ética da responsabilidade proposta por Max Weber, no início do século XX, que admite a necessidade do político em moldar suas decisões de acordo com as circunstâncias.

No entanto, Weber também definiu a ética da convicção, que se refere ao conjunto de normas e valores que orientam o comportamento dos políticos em sua vida privada. São seus princípios.

Entendemos que a flexibilidade das decisões no âmbito da ética da responsabilidade não ultrapassa os limites dos valores morais da convicção. Percebemos que os meios jamais justificam os fins.

O ordenamento eleitoral brasileiro prevê, em conformidade com a Constituição, o direito do eleitor de escolher um dos candidatos ou, igualmente, de votar em branco. O voto consciente é primordial, mas a decisão de optar por uma das duas propostas apresentadas nas urnas.

Portanto, não me peçam para livrar o país do PT, atirando com a arma do ódio e da intolerância, nem me peçam, agora, para pegar o apetitoso queijo colocado às pressas na ratoeira vermelha.

Fiquemos com nossos princípios e vamos votar domingo em quem nossa consciência indica. E Para governador, vamos votar na integridade e na competência de quem nos apresentou melhor proposta sem devaneios.

Por Marco Aurelio

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