A HORA E VEZ DO TSE.
Pela primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está julgando um processo que pede a cassação do mandato de um presidente da República e de seu vice. Por artes do destino, o que está em jogo, hoje, é o que resta do mandato do presidente Michel Temer.
Entre a eleição da chapa Dilma-Temer, a ação do PSDB pedindo sua cassação por abuso de poder político e econômico e o julgamento iniciado na última terça-feira, passaram-se mais de dois anos, tornando o caso mais complexo e impactante.
Nesse período, a própria titular do mandato, a presidente Dilma Rousseff, sofreu um impeachment, e assumiu seu vice, Michel Temer, que por sua vez vem sendo alvo de investigações da operação Lava Jato que repercutem na estabilidade de seu governo.
Tivesse sido o TSE mais ligeiro, como costuma ser no julgamento de prefeitos e governadores, o país não estaria passando por esse transe, cujas consequências são imprevisíveis tanto para o sistema de poder como para a vida dos cidadãos comuns.
O tempo decorrido permitiu que fossem juntadas ao processo, formal ou informalmente, circunstâncias mais ou menos comprometedoras do comportamento dos acusados, aumentando a responsabilidade dos ministros na hora de proferirem seu veredicto.
A realidade que vem sendo revelada sobre a atividade política no Brasil depois da redemocratização acrescentou novos elementos à percepção dos cidadãos, que hoje têm plena consciência da necessidade de o país inaugurar um novo patamar político.
Em outros tempos, esse processo seria arquivado. No entanto, o TSE e os tribunais regionais vêm cassando prefeitos e até governadores. Nenhum, porém, exigiria trabalho mais rigoroso e apurado do que esse para depurar a democracia que temos.
Qualquer decisão será insatisfatória, mas pelo menos que ela revele sabedoria.
Fonte : Por Marco Aurelio
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