Opinião Jogo Aberto – 03 de Maio de 2018
E a reforma política?
A campanha presidencial já está na rua, os inúmeros candidatos se apresentando, até agora sem nenhuma proposta. Só conversa e críticas aos adversários.
O desenho antigo das campanhas mostra que só uma reforma política verdadeira, profunda, poderá mudar o perfil de nossos pretendentes, trazendo para a disputa gente com ideias novas e propósitos sinceros que possam levar o Brasil ao desenvolvimento.
Com a legislação que temos hoje, não haverá renovação, pois foi tudo “amarrado” para que os mesmos candidatos – com algumas exceções – sejam reeleitos e tudo continue como está.
Só mesmo o próximo presidente da República, ainda assim em seus seis primeiros meses de governo, poderá enviar ao Congresso as reformas necessárias à melhoria do país.
A reforma política é provavelmente a principal para que, numa legislatura futura, possa haver uma renovação e que gente séria queira trabalhar no Congresso. Como disse o veterano deputado Miro Teixeira, do Rio de Janeiro, os partidos políticos viraram negócios. E os parlamentares só querem fazer negócios. Como alguém gasta R$ 5 milhões numa campanha sem estar pensando em ganhos futuros? Certamente, não pensa em viver exclusivamente do salário de deputado.
Só mesmo uma reforma política para acabar com essa farra parlamentar. E que os deputados voltem a trabalhar pelo povo, pois o mandato que receberam nas urnas é para representar seu eleitor e não deve ser entendido como uma autorização para chafurdar na lama da corrupção.
Uma reforma política é, certamente, o caminho para a redução da corrupção endêmica no país. Sem ela, não vamos acabar com a impunidade, que, como há muitos anos escrevo em meus artigos e colunas, é um dos maiores males deste país.
Os presidentes Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma, ao se elegerem, poderiam ter realizado reformas, mas não tiveram vontade política de fazê-las. Além da reforma política, serão necessárias as da Previdência – que o presidente Michel Temer tanto tentou –, tributária, judiciária e outras mais.
Caso contrário, vamos ficar como estamos. Até quando, ninguém sabe. O quadro atual, é necessário reconhecer, é desanimador. Pelas discurseiras até aqui dos pré-candidatos, não se vislumbra preocupação real em promover mudanças no Brasil. Ninguém fala abertamente sobre elas. Ninguém, até aqui, disse que as fará, mesmo sabendo que, como a da Previdência, algumas são de resultados práticos demorados.
Um antigo ditado popular já ensinava que remédio ruim é o que cura. É a realidade: não pensem em curar os males brasileiros sem remédios amargos. Aqueles de que precisamos são amaríssimos e só podem ser ministrados por quem tenha coragem, caráter e não tenha “rabo preso”. Lembrando que não adianta apenas um presidente assim. É preciso que a maioria do Congresso a ser eleito tenha o mesmo perfil. Se conseguirmos um Judiciário assim também, facilitaremos muito as coisas.
Por Marco Aurelio