Opinião Jogo Aberto – 01 de Junho de 2018
O Brasil que segue.
Mais uma vez, a democracia mostrou que é a solução para qualquer crise. O Brasil superou a greve dos caminhoneiros, que parou o país, sem que fosse quebrada a institucionalidade. Os pronunciamentos das Forças Armadas e do Supremo Tribunal Federal esmagaram qualquer veleidade de uma saída excepcional.
Embora atrasada, a fala da presidente Cármen Lúcia, afirmando que a democracia não está em questão, foi importante para a volta à normalidade. Mas focos de resistência violenta de uma direita primária ainda se manifestam em vários pontos do país, com o assassinato de um caminhoneiro e o incêndio de carretas.
Claudicando, o governo Temer vai chegar ao fim do ano. Agora, vem aí o interstício da Copa do Mundo, unindo os brasileiros, seguida pela campanha eleitoral, a dividir novamente o eleitorado entre candidatos para todos os gostos, como fazem os países que têm o bom senso de resolver suas diferenças pelo voto.
Enquanto isso, os brasileiros vão sentir, para além do desconforto momentâneo dos últimos dias, os efeitos de médio e longo prazo da paralisação. Ontem, o governo anunciou cortes na educação, na saúde, nos transportes e em projetos sociais, além de reonerar as folhas de pagamento de 39 setores econômicos.
O Brasil vinha caminhando devagar, com recuperação econômica, inflação controlada e queda nos juros. Agora, resta aguardar que esse solavanco passe. Depois do baque, demora um pouco para a economia voltar a pegar. Há um ano, a delação do empresário Joesley Batista provocou uma catástrofe na economia.
Olhando para o passado com o retrovisor de hoje, parece que nada aconteceu. Quando a economia tem ociosidade, ensina o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, um choque negativo como esse, normalmente, se dissipa. Depois de uns meses, não se percebe que aconteceu algo.
É esperar para ver se o trabalho dos brasileiros vai absorver esse choque.
Por Marco Aurelio