Mais de 1.300 vítimas de acidentes de trânsito foram atendidas no João Paulo II nos últimos três meses
O tempo de internação depende do trauma sofrido e do tipo de paciente.
Junto à campanha Maio Amarelo, chamando a atenção para o alto índice de mortos e feridos no trânsito e a segurança viária em todo o mundo, vem a mobilização do poder público e sociedade civil para a conscientização social por um trânsito prudente. Em Rondônia, não é diferente, e o número de vítimas de acidentes de trânsito superlotam a principal unidade hospitalar de emergência do estado, o Hospital de Pronto-Socorro João Paulo II (JPII), em Porto Velho.
O número de pacientes que dão entrada no hospital, por traumas causados em acidentes de trânsito representam a maioria dos atendimentos diários na unidade, que atende a casos de todo o estado. O diretor do hospital, Carlos Eduardo Rocha Araújo, não há dia específico para maior incidência: “Todos os dias temos pacientes vítimas de acidente de trânsito dando entrada no hospital”.
Os atendimentos no JPII são divididos em Clínica Médica e Clínica Cirúrgica. Na segunda-feira (7), deram entrada no hospital dois pacientes por acidente de trânsito envolvendo bicicleta, dois por atropelamento, e 14 por acidente envolvendo motocicletas. Por sintomas diversos, foram 94 entradas. O diretor completa que por queda entraram 17 pacientes, o que ele considera a possibilidade de acidente em alguns casos. “O que acontece é que às vezes o paciente não é habilitado, ou o veículo estava irregular, e em caso de acidente por acontecer essa omissão sobre ter sido acidente de trânsito com moto”, considera.
Nos últimos três meses, de fevereiro a abril, foram registrados 107 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito envolvendo bicicletas, 133 acidentes envolvendo automóvel, 132 vítimas de atropelamento, e 965 vítimas de acidente com moto. O resultado de três meses é de 1.337 entradas no JPII de pacientes vítimas de acidentes de trânsito. “Essa realidade ocorre nos prontos-socorros de todo país, não é um ‘privilégio’ só nosso. Em 2017 tivemos mais de 80 mil pacientes vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, gerando um prejuízo de R$ 200 milhões, o que representa 3% do PIB nacional”, acrescenta Carlos Eduardo.
No JPII, segundo o diretor, a média de atendimentos dia é de 200 a 250, sendo a maioria por acidente. “Fora os que são atendidos nas UPAs e outras unidades”, lembra. O tempo de internação varia de acordo com o tipo de paciente e de lesão. “Se é uma fratura simples, fechada, que não precisa de duas ou três cirurgias, em três ou quatro dias de internação o paciente é operado e liberado. Já os mais graves, como traumatismo craniano, que precisam de neurocirurgia, e utilizam muito da estrutura física e operacional do hospital, alguns ficando mais de 30 dias na UTI, uns se recuperam, outros ficam com sequelas ou precisam ser amputados e se tornam um peso para o Sistema Único de Saúde, para a família, para o estado, para a previdência, e para ele mesmo. É todo um transtorno social causado pela imprudência no trânsito, as consequências, isso sem falar na mais grave que é a morte”.
Carlos Eduardo diz que é preciso amadurecimento por parte da sociedade para a conscientização.
“Temos que pensar como vamos poder melhorar o trânsito, seja com sinalização e melhorias nas vias, limpeza nas ruas, que muitas vezes a terra no asfalto causa acidente de moto, ou com medidas tomadas pelos próprios condutores, tanto de automóveis quando motocicletas. A consciência de que quando você fura um sinal vermelho, faz uma ultrapassagem errada ou não respeita a velocidade permitida, deve ser ligada aos riscos que essas atitudes geram. O fim dessa história é a apresentada em números e realidade, o pronto-socorro lotado com uma média de 20 a 30 acidentados só de motocicleta por dia”.
O diretor afirma que o JPII faz de 12 a 14 cirurgias por dia, de correção de fraturas causadas por acidente de trânsito, com média de 60 a 70 operações por semana. “Calculando por alto, o estado ainda faz umas 30 cirurgias no Santa Marcelina, o Hospital de Base faz mais umas 20, e em Cacoal mais umas 12. Imagine a gente operar uma base de 50 pacientes ortopédicos todos os dias, o prejuízo em materiais e tudo que o atendimento demanda é gigantesco. O Maio Amarelo serve de alerta para que todos envolvidos no trânsito tenham consciência sobre essa responsabilidade”, finaliza.
Fonte:Secom