Julgamento de Dilma – dia 2
A segunda sessão do julgamento de Dilma Rousseff no Senado teve novas brigas nesta sexta-feira (26). A discussão mais tensa foi entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O dia foi destinado a ouvir as testemunhas convocadas pela defesa da presidente afastada. Veja os destaques.
HOSPÍCIO E RESSACA
Renan Calheiros, que pouco apareceu no primeiro dia, pediu a palavra para criticar duramente os colegas pelas brigas no plenário. Ele chamou as discussões de “espetáculo” e “demonstrações de que a burrice é infinita”, e acrescentou que os parlamentares estão passando a imagem de que o Senado é um “hospício”.
Ele também atacou Gleisi, que ontem havia dito que os senadores não tinham moral para julgar Dilma. “Isso não pode acontecer. Como uma senadora pode fazer uma acusação dessas?”, questionou. Em seguida, afirmou que conseguiu “desfazer o indiciamento” da petista e de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, no Supremo Tribunal Federal (STF).
O comentário revoltou Gleisi e seus aliados, entre eles o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que chamou de “baixaria” a fala de Renan. A confusão generalizada fez com que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento, suspendesse os trabalhos e antecipasse o intervalo para o almoço. Mesmo com a sessão interrompida, Gleisi e Renan continuaram batendo boca. Durante a tarde, com a cabeça mais fria, o presidente do Senado afirmou que estava arrependido. “Achei desproporcional aquela provocação e reagi, mas quando isso acontece, eu me arrependo demais e tenho uma brutal ressaca no dia seguinte”, desabafou.
LINDBERGH X CAIADO – 2º ROUND
Asexta-feira teve também mais um embate entre Lindbergh e Ronaldo Caiado (DEM-GO), que já haviam trocado acusações ontem. Dessa vez, o entrevero começou quando o petista chamou o líder do DEM de “desqualificado”. Lewandowski intercedeu, disse que evocaria seu “poder de polícia” e desligou os microfones.
BELLUZZO
Oeconomista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, disse que houve um “excesso de responsabilidade fiscal” no governo Dilma Rousseff, que cometeu uma “despedalada” em 2015, contigenciando recursos em um momento de queda da arrecadação. Belluzzo é ouvido na condição de informante da defesa no julgamento de impeachment de Dilma, que ocorre no Senado. Leia mais sobre o depoimento de Belluzzo.
GERALDO PRADO
Oprofessor de direito da UFRJ foi a 1ª testemunha de defesa a ser ouvida. Prado afirmou aos senadores que Dilma não pode ser responsabilizada no caso das chamadas “pedaladas fiscais” do Plano Safra. “Os decretos resultam de um processo complexo, que participam várias pessoas e órgãos de assessoramento. Como ser negligente se um ato é praticado com o parecer de 30 assessorias?”.
LUIZ CLÁUDIO COSTA
A2ª testemunha de defesa ouvida pelos senadores foi o ex-secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa. Ele afirmou que decretos de crédito suplementar assinados por Dilma “não causaram impacto fiscal”. Segundo Costa, o decreto é um instrumento de gestão orçamentária e não gerou aumento de gastos. “Ele simplesmente permite ao gestor fazer uma alocação melhor da verba para os programas que acha mais importante”.