Botafogo desencanta na Libertadores, mas com placar menos elástico do que deveria

A noite do Botafogo no Nilton Santos começou com homenagens ao eterno ídolo Manga, que faleceu aos 87 anos, e terminou com dois gols repletos de alívio na Conmebol Libertadores. No reencontro com a torcida pelo torneio continental, o Alvinegro contou com Patrick de Paula e Matheus Martins para garantir três pontos diante do Carabobo, da Venezuela. Isso não muda o fato de que o placar poderia – e talvez até deveria – ter sido mais elástico que o 2 a 0.

Em comparação ao time que perdeu para a Universidad de Chile, Paiva teve que fazer uma mudança obrigatória no ataque: saiu Igor Jesus, suspenso após expulsão, para a entrada de Mastriani. Na lateral direita, o escolhido da vez foi Mateo Ponte na vaga que costuma ser de Vitinho – o reserva vinha de boa atuação contra o Juventude, e o titular se queixava de desgaste físico.

O Botafogo foi a campo com: John; Mateo Ponte, Jair, Barboza e Alex Telles; Gregore e Marlon Freitas; Artur, Savarino e Santi Rodríguez; Mastriani.

O Carabobo assustou logo no início do jogo, quando Marlon Freitas errou passe e deu chance aos venezuelanos de puxarem um contra-ataque rápido. Berríos entrou cara a cara com John, mas acabou mandando para fora.

Savarino bem marcado por jogadores do Carabobo — Foto: Vitor Silva / Botafogo

Savarino bem marcado por jogadores do Carabobo — Foto: Vitor Silva / Botafogo

O Botafogo, por sua vez, apostou em cruzamentos que nem sempre tiveram um desfecho satisfatório. Antes de quaisquer tentativas, Marlon Freitas encabeçou a função de receber pelo meio, avaliar as oportunidades e abrir o jogo com passes para as laterais – com o lado direito tendo mais sucesso que o esquerdo na hora de desenvolver.

— Sobre os cruzamentos, não gosto de um jogo muito lateralizado, mas não é proibido. Se for para ser campeão assim eu aceito. Mas eu entendo a reclamação, é difícil, e acontece de cruzar. E aí entra na estatísticas de muitos cruzamentos errados — disse o técnico Renato Paiva em entrevista coletiva.

Mesmo com a dificuldade de infiltrar a defesa do Carabobo, não faltaram chances desperdiçadas: um quase gol contra de Neira após cruzamento de Artur, Santi Rodríguez batendo de primeira após Bruera espalmar, um chute de Savarino de fora da área…

Artur também protagonizou o principal lance perdido do Botafogo na etapa inicial. O camisa 7 tabelou com Savarino, recebeu cruzamento de Ponte e chutou para fora depois de dominar tirando do zagueiro. A superioridade técnica do Botafogo sobre o Carabobo levou a crer que uma ampla vantagem seria construída ainda na primeira etapa, mas o que se viu foi um placar sem gols.

Patrick de Paula comemora gol do Botafogo contra o Carabobo, pela Libertadores — Foto: Reuters

Patrick de Paula comemora gol do Botafogo contra o Carabobo, pela Libertadores — Foto: Reuters

Nos bastidores do Botafogo, há o entendimento de que Mastriani e Igor Jesus são centroavantes de características muito distintas. Enquanto o uruguaio é um homem de último toque, o camisa 99 tem mais ferramentas para ajudar na construção de jogadas.

A partida no Nilton Santos foi uma boa mostra da diferença entre os dois, sem tanto sucesso do reforço em pivôs, mas traçar quaisquer vereditos seria precoce. Na volta para o segundo tempo, Mastriani ainda furou um cabeceio após cruzamento de Artur.

A primeira mudança de Paiva veio aos 11 minutos, com Vitinho no lugar de Ponte. Já em meados da segunda etapa, houve a troca tripla que mais impactou no jogo. Saíram Marlon Freitas, Alex Telles e Santi Rodríguez; entraram Patrick de Paula, Cuiabano e Matheus Martins. O time ganhou mais ímpeto pelo lado esquerdo, mais profundidade e passou a mostrar seu melhor futebol na noite.

Barboza cabeceou na trave aos 37 em meio à pressão do Botafogo, mas o alívio só baixou mesmo aos 42, quando Patrick de Paula cobrou falta de longe. A bola ainda desviou na barreira antes de parar no canto de Bruera, o que em nada diminuiu a comemoração da torcida.

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