Análise: Inter mostra poder de reação para virar sobre o São Paulo e alivia ambiente no Brasileiro
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A chuvosa noite de quarta-feira lavou a alma colorada e pôs fim ao incômodo jejum de gols e vitórias no Brasileirão. O Beira-Rio testemunhou uma mudança de postura após o intervalo, coroada com um “grandíssimo” desempenho para virar sobre o São Paulo. O brilho dos laterais apagou o erro grotesco de Keiller e alçou o Inter à metade da tabela.
O 2 a 1 sobre o finalista da Copa do Brasil, com gols de Bustos e Renê, trouxe alívio ao ambiente e acabou com o “desespero” de Coudet, que, enfim, ganhou a primeira no campeonato depois de sete jogos. A equipe voltou a marcar gols e a vencer em casa depois de 80 dias.
O resultado passou por um choque no vestiário. Chacho fez cobranças e ajustes que mudaram o rumo do confronto. O Inter, em desvantagem no placar, adotou um comportamento visto nos melhores momentos na Libertadores durante a etapa final, com atitude, entrega e qualidade individual e coletiva.
– Não negociamos atitude e brigar por cada bola. Valentia e volume de jogo – resumiu Coudet.
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Bustos comemora gol do Inter em vitória — Foto: Ricardo Duarte/Inter
O Gigante recebeu 20.763 corajosos que encararam o mau tempo para apoiar o time. Os três pontos servem com um “divisor de águas”. A equipe subiu para 10º e deixou o temor de Z-4 para trás. A tranquilidade pulsa no Beira-Rio, a duas semanas das semifinais da Libertadores.
– A gente sabia que esse jogo era importante por causa desses 80 dias sem vencer. Somos fortes em casa e estávamos deixando a desejar. Que seja um divisor de águas e a gente possa conquistar os três pontos sempre a partir de agora – disse Renê, autor de um golaço.
Enfim, vitória
Além das dificuldades de enfrentar a força máxima de um dos finalistas da Copa do Brasil, o Inter entrou em campo sem cinco titulares – Rochet, Vitão, Johnny, Aránguiz e Valencia. Coudet escalou o que tinha de melhor e apostou em uma estratégia de sufocar o rival no próprio campo.
O plano deu certo por cerca de 10 minutos. O time deixou o São Paulo desconfortável com a marcação alta e criou uma chance de gol no início, desperdiçada por Mauricio frente a frente com Rafael. O adversário, aos poucos, saiu de trás equilibrou as ações e assumiu o controle da partida.
Os paulistas amarraram o jogo colorado e passaram a assustar no jogo aéreo, com Lucas, Wellington Rato e Calleri, que acertou a trave em desvio de cabeça. Já nos acréscimos, Keiller errou o domínio de bola e cometeu pênalti em Alisson. O argentino abriu o placar no Beira-Rio.
As vaias da torcida se justificavam pelo erro crasso do goleiro e pela proximidade de outro tropeço. O intervalo foi determinante. Coudet fez cobranças e ajustou taticamente a equipe. O Inter oscilante deu lugar ao determinado e envolvente que apareceu em momentos decisivos na Libertadores. O São Paulo sucumbiria.
– Creio que a mudança de atitude. Vínhamos de 10 partidas sem ganhar. Tinha que tocar o coração – respondeu Bustos, quando questionado sobre a conversa no intervalo.
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Renê comemora seu primeiro gol pelo Inter — Foto: Ricardo Duarte/Inter
O ímpeto colorado deixou o time de Dorival acuado e sem escape. A forte pressão se refletiu no gol de empate aos 15, quando Bustos ficou com a sobra na área e estufou a rede. A jogada teve antes pelo menos duas chances de finalização até cair no lateral. Renê, aos 24, soltou um balaço de fora da área, virou o jogo e comemorou o primeiro gol pelo clube.
O Inter ainda desperdiçou chances de ampliar e, naturalmente, recuou para defender a vantagem. Os paulistas partiram para o jogo aéreo, motivo de dor de cabeça para os gaúchos. Diego Costa assustou, e Keiller quase comprometeu após soltar a bola em um cruzamento.
O apito final foi de alívio, tanto na arquibancada como no campo. Alvo de vaias, o camisa 1 foi abraçado e recebeu o apoio dos companheiros. Fim de jejum e, enfim, tranquilidade. O treinamento previsto para esta quinta se transformou em folga para os jogadores.
– Ajustamos e buscamos. O resultado que nos servia era ganhar. Em linhas gerais, fizemos um grande jogo. Um grandíssimo segundo tempo. Não fomos mal no primeiro. Tomamos um gol no fim do primeiro. É difícil, mas estamos convencidos. Repassar, sair a jogar e ganhar – vibrou Coudet.
O Inter volta a campo na próxima quinta-feira, dia 21, contra o Athletico, no gramado sintético da Ligga Arena. Rochet, Aránguiz, Valencia e Luiz Adriano retornam. Vitão e Johnny serão reavaliados durante a semana de treinos.