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Mensagem de Neymar e projetos para combater o racismo: Gerson quer ser voz além de inquérito policial

Não é só por mim, não. Agora, eu tenho que representar quem não tem voz”. Esse foi o tom do discurso de Gérson em uma segunda-feira longa e com uma decisão: se engajar definitivamente no combate ao racismo e ir além do depoimento desta terça, às 10h (de Brasília), na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro (Decradi).
Ramírez, Mano e árbitro são intimados a dar depoimento sobre o caso de injúria racial a Gerson
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Gerson discute com Mano Menezes em Flamengo x Bahia — Foto: Jorge Rodrigues / Agência Estado
O Flamengo folgou após a vitória sobre o Bahia, pelo Brasileirão, mas Gérson teve um dia seguinte movimentado depois da acusação de injúria racial ao colombiano Índio Ramírez. Se o domingo terminou com um papo longo e franco com Guilherme Bellintani, presidente do clube baiano, a segunda foi reuniões em escritório no Recreio de Bandeirantes e manifestações de solidariedade de personalidades do futebol e da música.
Gerson vai abrir espaço em redes sociais para relatos de personalidades vítimas de injúria racial e discute outras ações para defender a causa
Neymar foi um deles. Além de repostar manifesto do camisa 8 rubro-negro, o jogador do PSG trocou mensagens em particular e demonstrou apoio. Desde as primeiras horas do dia, Gérson se cercou de advogados na sede da empresa de seu pai, a MG Sports, para definir ações judiciais contra o colombiano do Bahia. Além do jogador e de Marcão, estavam Rodrigo Dunshee de Abranches, vice geral e jurídico do Flamengo, e um advogado criminalista que presta serviços ao clube.
Gerson comemora título com a filha, Giovana — Foto: Arquivo Pessoal
Logo após a partida, Gérson e seus representantes manifestaram o desejo de prestar queixa contra Ramírez, mas a delegada Márcia Noeli, da Decradi, se antecipou e abriu inquérito com base nas imagens da partida. A partir daí, deu-se início ao processo de investigação e a tentativa foi de que a participação do volante do Flamengo fosse menos traumática.
Para que a ocorrência tenha prosseguimento, é fundamental a assinatura e o posicionamento de Gérson e em um primeiro momento o combinado foi de que tudo acontecesse no escritório do Recreio. Três representantes do Decradi, no entanto, levaram a intimação ao jogador e ressaltaram a importância do depoimento presencial em delegacia na Lapa na manhã desta terça.

Gérson não titubeou e aceitou, reafirmando o desejo de dar um passo adiante após as declarações no gramado do Maracanã. Sem demonstrar abatimento, mas ainda revoltado com Ramírez e, principalmente, Mano Menezes, o jogador pediu o auxílio de seu staff para que use sua imagem de forma mais atuante no combate ao racismo.
“O que o Gerson está fazendo hoje não é pensando somente nele. Gerson tem uma filha, negra, e vários sobrinhos negros. Lutar e ir até as últimas consequências nesse ocorrido é uma maneira de tentarmos construir um futuro melhor”
– Sofremos, por anos, com exclusão e preconceito. Antes não tínhamos o espaço que hoje o Gerson tem por ser jogador de futebol em um grande clube. Essa luta é pela sociedade. Não é por uma pessoa apenas – disse o pai e empresário Marcão ao ge.
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Gerson passou a segunda-feira com advogados e o pai em escritório no Recreio — Foto: Arquivo Pessoal
Gerson lembrou casos de racismo sofridos desde a infância e que nunca foram denunciados. Entre as ações debatidas justamente para dar voz a quem sofre no dia a dia, o jogador do Flamengo vai abrir suas redes sociais para depoimentos de artistas negros com relatos de injúrias raciais que foram vítimas.
A atuação na causa antirracista, por sua vez, seguirá sem que esteja diretamente atrelada ao processo contra Ramírez. Ficou decidido também que Gérson prestará depoimento e deixará o caso nas mãos dos advogados criminalistas indicados pelo Flamengo para que volte o foco para suas atividades em campo.
O desejo em um primeiro momento era de que Mano Menezes também fosse alvo do processo, mas ficou esclarecido que a postura do treinador foi mais antidesportiva e não de injúria racial. Sendo assim, o Flamengo foi quem acionou o STJD contra o ex-comandante do Bahia.
Até o fim da noite de segunda-feira, Ramírez ou Mano Menezes não tinham entrado em contato com Gérson para qualquer tipo de esclarecimento sobre o episódio. Em depoimento à TV Bahêa, o colombiano se defendeu e disse acreditar em um mal-entendido por conta do idioma.
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