Visão de Fato do Dia 22 de Outubro de 2024
Relações internacionais
Por J.R. Guzzo
O Brasil já teve pontos baixos, alguns baixíssimos, no que acredita ser a sua política externa. Em geral, salvo um ou outro ponto de luz devido à atuação individual de diplomatas competentes e dotados de alto senso moral, a história do Itamaraty é uma história de pequenez. Mas há momentos em que sofre surtos de intensa canalhice – como entregar refugiados judeus à polícia da Alemanha nazista, durante a ditadura Vargas, ou prender boxeadores cubanos que tentaram se asilar no Brasil e acabaram sendo despachados para os cárceres da ditadura de Cuba, durante um dos governos de Lula. Diplomatas brasileiros colaboraram ativamente com as polícias da ditadura militar de 1964 para perseguir opositores no exterior.
Hoje, sob a direção de Lula e do seu chanceler de fato Celso Amorim, o Itamaraty está plenamente de volta às suas piores práticas. Com o apoio efetivo ao roubo das eleições na Venezuela, disfarçado de “atitude equilibrada”, o governo joga o Brasil de corpo e alma na quadrilha dos regimes bandidos que sustenta Nicolás Maduro – as ditaduras da Rússia, China, Cuba, Irã, Coreia do Norte e outros do mesmo tipo.
São estes, hoje, os grandes amigos da diplomacia brasileira. O governo Lula, na contramão explícita do interesse nacional e a serviço de uma ideologia extremada, se colocou em hostilidade aberta às democracias – e está arruinando o bom nome do Brasil no mundo.
No caso da Venezuela, Lula, Amorim e o Itamaraty estão cometendo há três meses uma farsa especialmente tosca. Nossa política externa “ativa e altiva”, como eles dizem, finge que está tendo uma posição de “cautela” – na dificuldade de apoiar uma fraude cometida em flagrante, inventou que está esperando as “atas de votação” das eleições presidenciais, nas quais o STF-TSE da Venezuela simplesmente declararam Maduro como “vencedor”, sem dar maiores detalhes. Não apresentaram até agora ata nenhuma, e nem vão apresentar – como poderiam apresentar, se roubaram a eleição? O Brasil permanece calado até hoje.
É um caso flagrante de “quem cala consente”. Condenação internacional por parte de todas as democracias, comprovação de tortura, prisões em massa – nada disso faz o Brasil tomar uma atitude de decência. O motivo é bem simples. A única opção que a diplomacia brasileira não admite, de jeito nenhum, é comportar-se sob a orientação de qualquer princípio moral neste caso. Sua decisão real é fazer o exato contrário: desde o início, não se pensou em outra coisa que não fosse apoiar a fraude para manter Nicolás Maduro no governo.
Fazem de conta que estão esperando as tais “atas”, e, por enquanto não reconhecem oficialmente o “resultado” anunciado pela ditadura. É apenas uma palhaçada a mais. O que a política brasileira se propôs a fazer, é o que está fazendo: dar a Maduro todo o tempo que for preciso para o roubo da eleição acabar esquecido como assunto velho e chato. A posição oficial do Brasil, na verdade, é o que diz Celso Amorim. Segundo ele, “a oposição não provou que ganhou as eleições”. Caso encerrado, então.