Estamos todos sendo julgados pelo Supremo Soviete Federal
Por Paulo Briguet
Já ficou evidente para qualquer pessoa de inteligência média que toda a peça ficcional montada para aprisionar Jair Bolsonaro e seus apoiadores se compõe de narrativas da mídia, bravatas de WhatsApp, fragmentos de discurso emocionado, teses estapafúrdias, especulações mitológicas da esquerda e histerias ideológicas várias. Tudo isto está formando um amálgama stalinista cujo único sentido é destruir a vida dos dissidentes do regime, sem a menor consideração pela lógica elementar, o senso de proporções, a presunção de inocência e a estrutura da realidade. Engana-se, porém, quem imagina que a montagem do julgamento-espetáculo montado em Brasília limita seus efeitos ao ex-presidente e seus 32 apoiadores. É da natureza dos regimes revolucionários — e estamos vivendo sob um — que esses processos punitivos, inicialmente voltados para prender inimigos políticos e grupos específicos, se espalhem, como um câncer em metástase, pelo organismo social inteiro. Chegará o dia (e não está longe) em que a onda de mentiras que ora engole Bolsonaro vai atingir a todos nós — eu, você, aqueles que amamos e milhões de brasileiros comuns que não compactuam com o regime criminoso vigente. Sobrará até mesmo para os isentões que hoje se calam ou esboçam um tímido protesto. Quando Lênin, Trotsky e seus comparsas deram um golpe militar em outubro de 1917 — golpe meticulosamente arquitetado por militantes profissionais, e que contou com o apoio de grupos radicalizados de operários e marinheiros —, morreram em Petrogrado, segundo o cálculo do historiador marxista Isaac Deutscher, no máximo 10 pessoas. Em alguns poucos anos, esse número seria multiplicado por 1 milhão. Nas sete décadas seguintes, conforme aponta o cientista político Rudolph Joseph Rummel, o comunismo mataria 138 milhões de pessoas. Os erros da Rússia se espalharam pelo mundo, como profetizou Nossa Senhora de Fátima naquele mesmo ano de 1917 — e causaram uma destruição que supera a de todas as guerras, epidemias e catástrofes dos séculos anteriores somadas. Tome-se um exemplo paradigmático: o caso de Filipe Martins, uma espécie de síntese da grande farsa jurídica que está sendo encenada pelo Supremo Soviete Federal em Brasília. O ex-assessor de Jair Bolsonaro esteve preso durante seis meses por uma viagem que ele não fez, provou que não fez e que, se houvesse feito, não seria crime; em breve será julgado por supostamente ter ajudado a escrever a minuta de um golpe que não ocorreu e que, na verdade, era apenas a discussão sobre a aplicabilidade de um artigo constitucional.
Assim como não havia provas de que Filipe havia viajado aos EUA no fim de 2022 (pelo simples motivo de que ele ficou no Brasil, e seus acusadores sabiam disso), não há uma miserável prova de que ele tenha redigido a tal “minuta do golpe”.
Filipe ficou preso seis meses por causa de uma viagem-fantasma. Agora, será julgado por causa de uma minuta-fantasma e de um golpe-fantasma. E só está sendo levado a julgamento em decorrência de uma delação torturada – ou seja, um depoimento-fantasma.
Tudo isso nos leva à conclusão inevitável: o Supremo Soviete Federal é um tribunal-fantasma. A Corte regida pelo Imperador Calvo está julgando, pela primeira vez na história da humanidade, uma tentativa de golpe de Estado realizada por pessoas comuns desarmadas e destreinadas, sem o menor planejamento tático e estratégico, absolutamente desprovidas de comando.
Qualquer um que tenha dedicado algumas horas de estudo a história de insurreições e golpes revolucionários sabe que jamais existiu uma tomada de poder semelhante em qualquer tempo.
O que está em julgamento no Supremo Soviete não são os fatos, mas um teatro de sombras resultante de uma narrativa inventada pelo sistema político. É uma versão canhestra do Mito da Caverna exposto por Platão no Livro VII de “A República”.
Querem nos fazer acreditar que as sombras das sombras, projetadas na caverna do tribunal, correspondem à realidade dos fatos. É preciso torturá-los até que eles confessem o que o interrogador deseja ouvir.
O único golpe que realmente ocorreu foi o golpe socialista de 2022, um conjunto de estratagemas das elites político-jurídicas para retirar um sujeito condenado da cadeia e colocá-lo na cadeira presidencial. Criando, assim, para atingir tal finalidade, uma inaudita máquina de censura que continua em pleno funcionamento.
É essa a verdade que o teatro de sombras do Imperador Calvo e seus coadjuvantes querem esconder a qualquer preço, utilizando Bolsonaro e seus apoiadores como bodes expiatórios.
Numa inversão absoluta da realidade, os bandidos estão julgando os inocentes. E marcaram tudo para as vésperas de 31 de março, deixando claro que toda a encenação não passa de uma vingança rancorosa por 1964, quando a esquerda brasileira sofreu a sua maior e mais vergonhosa derrota.
O tribunal-fantasma de Brasília viveu, na última terça-feira (25), primeiro dia do julgamento de Jair Bolsonaro e seus apoiadores, um momento que ilustra perfeitamente o caráter farsesco de todo o processo.
O advogado de Filipe Martins, o desembargador aposentado Sebastião Coelho, foi impedido de assistir à sessão da 1ª Turma do Soviete Supremo e, ao reagir diante dessa arbitrariedade, acabou sendo detido por alguns minutos em uma sala do tribunal. A mando do Imperador Calvo, um assessor lhe deu voz de prisão “por desacato”.
Posso imaginar até a revolta do ditador ao ser interrompido em sua fala por um advogado que buscava apenas suas prerrogativas legais. A voz de Dr. Sebastião — uma voz que chegou a interromper o rosário de imprecações do Imperador Calvo — é o grito silencioso de todos os que foram, estão sendo e serão destruídos pela tirania de psicopatas.
Difícil mesmo é determinar onde termina a farsa e começa a tragédia nesse teatro de fantasmagorias. Só sei, meus sete pobres leitores, que o enredo chegará, mais breve do que pensamos, até cada um de nós.