Visão de Fato – 13 de Novembro de 2024
Calar redes sociais é a resposta da esquerda para não perder (de novo) nas urnas
Por Jocelaine Santos
Houve um tempo em que a esquerda glorificava as então engatinhantes redes sociais e as “novas tecnologias de comunicação” como a solução para seus problemas. Através das redes sociais, dizia-se antes da primeira era Lula, as brilhantes ideias do esquerdismo poderiam ganhar espaço e, obviamente, seriam reconhecidas como as melhores ideias possíveis, atraindo adeptos de todos os rincões do país para suas fileiras militantes. Só não se votava na esquerda – era o argumento da época – porque se desconheciam seus princípios.
Não foi à toa que os partidos e movimentos de esquerda foram os primeiros a manejar bem as ferramentas disponibilizadas pela internet. “Estratégias de visibilidade” na rede eram debatidas como as novas armas da revolução socialista-marxista que embalava o sono das lideranças da esquerda brasileira. Por muitos anos, as redes sociais foram praticamente um reduto da esquerda brasileira.
Essa visão simplista e arrogante dos intelectuais de esquerda se apoiava na ideia de que, tendo mais espaço na comunicação, as pessoas “naturalmente” veriam que a única opção possível em termos políticos era ser de esquerda. Ora, o que eles não esperavam é que as pessoas pudessem exercer uma coisa chamada liberdade e, após conhecer as ideias da esquerda (e, aliás, justamente por conhecê-las), as rejeitassem.
Só mais recentemente, a direita começou a ganhar espaço, aumentando a rejeição ao pensamento esquerdista, e as redes sociais, que antes eram glorificadas pela esquerda, passaram a ser um inimigo a ser combatido, ou melhor, “regulamentado” – é essa a palavra que se usa quando se quer moldar um veículo de comunicação ou rede social para que ele só publique um tipo de discurso.
Com a velha ladainha do “combate à desinformação”, mais uma proposta de censura às redes sociais foi apresentada na Câmara dos Deputados. O projeto de um parlamentar do PT – que surpresa! – propõe até criar uma “agência reguladora” para fiscalizar e punir as plataformas que não se submeterem à censura. E, sim, aqui estamos falando pura e simplesmente de censura à direita, nada tem a ver com proteger eu ou você de abusos ou crimes virtuais, combater a pedofilia, a proliferação de racismo, ódio ou discriminação nas redes.
O próprio autor do projeto afirma que a ideia é “proteger a democracia e evitar que campanhas de desinformação comprometam o debate público” e proteger “eleitores contra campanhas de desinformação que manipulam a realidade e distorcem os fatos com objetivos escusos”. É um projeto estritamente direcionado à limitação do debate político, apresentado por um parlamentar do PT, um dos grandes derrotados nas recentes eleições municipais. Embora use a desculpa esfarrapada de “proteger a democracia”, o que se quer é a cristalização da prevalência das ideias de esquerda dentro das redes sociais, através da censura descarada ou criminalização das vozes de direita.
As redes sociais possibilitaram que mais pessoas conhecessem as ideias da esquerda e também da direita. E foi opção delas escolher um ou outro lado – ou nenhum deles. Mas essa possibilidade de escolha só existe porque partidários de todos os vieses políticos podem expressar seus posicionamentos, ideias e pensamentos nas redes sociais – nenhum outro meio de comunicação tem alcance parecido com as redes. Isso incomoda demais quem não quer democracia e quem não aguenta ser rejeitado nas urnas.