Visão de Fato – 07 de Agosto de 2024
Cada democracia é diferente, mas toda ditadura é igual
Por Rodrigo Constantino
As semelhanças entre Venezuela e Brasil são cada vez mais impressionantes e geram grande desconforto à esquerda brasileira. Parafraseando Tolstoi, cada democracia é feliz à sua maneira, mas toda ditadura se parece. A perseguição aos opositores, a censura imposta pelo estado, o aparelhamento do Judiciário, o pretexto de combater os “fascistas”, tudo isso configura um repertório comum e imitado em toda tirania socialista.
O vereador de Curitiba pelo Novo, Rodrigo Marcial, que é professor de Direito, ironizou: “EXTRA! O Ministro Venezuelano responsável por supervisionar as eleições, Benito González, afirma ‘Misión dada es misión cumplida’ para o presidente do órgão eleitoral Venezuelano, Alejandro de los Morales, em posse de Maduro para novo mandato. Coisa de democracia inabalada!”
A gente ri para não chorar. Adriano Tomasoni foi na mesma linha: “É inacreditável como a cada dia que passa o discurso do ditador Nicolás Maduro se assemelha com discursos de alguns ministros da suprema corte. E não venham com malabarismo… a única diferença é o espanhol”. Não dá para negar. Até a quantidade de presos – cerca de 1200 – e o tempo de prisão prometido a eles – de 15 a 20 anos – parecem copiados diretamente da experiência da suprema corte brasileira.
Mas Maduro faz o que faz para “salvar a democracia”, não é mesmo? E a ditadura dos aiatolás iranianos ainda completa o teatro farsesco condenando a “interferência estrangeira” na Venezuela. Seria cômico se não fosse tão trágico. E pensar que o governo Lulista está ao lado dessa corja de um dos regimes mais nefastos do mundo. Ele mergulhou o Brasil de vez no eixo do mal, enquanto cínicos esquerdistas alegam que Maduro é de… direita!
O mundo todo democrático condena a farsa eleitoral na Venezuela e declara a oposição vencedora no pleito. Mas o nosso Itamaraty vê ‘erro’ em carta da oposição sobre proclamar González presidente. A chancelaria brasileira avalia que comunicado de candidato e líder oposicionista dificulta saída negociada para a crise no país vizinho. Saída negociada? Diálogos? Conversa de bar com cerveja, aquela que ia acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia?
Até as pedras sabem que Maduro perdeu e, até as mesmas pedras, sabem que Lula vai sempre apoiar seu companheiro socialista, que não virou ditador agora, vale lembrar. O envio de Celso Amorim já era prova cabal disso: o assessor é ligado umbilicalmente a Maduro, ao Foro de SP, e não poderia haver um “árbitro” mais parcial. Bem, talvez Alexandre de Moraes nas eleições brasileiras.
Enquanto isso, o Estadão escreve um editorial em que diz que quem é democrata não se junta a Bolsonaro, criticando Ricardo Nunes pela aliança em SP. O Estadão é a “virgem de bordel”, como disse Flávio Gordon. Finge uma pureza democrática, afetando superioridade moral e ignorando que, na prática, aliou-se indiretamente ao maior bajulador de ditadores do planeta. Fez isso para “salvar a democracia”, como tantos tucanos. Bolsonaro é “golpista”; Lula é… democrata!
Cada democracia é diferente, tem sua própria dinâmica, seu estilo. Mas as “democracias relativas” são todas iguais: apelam para as mesmas táticas para matar a verdadeira democracia. Sempre fazem isso sob o pretexto de salvá-la, pois tiranos são invariavelmente hipócritas, sonsos. Muita gente temia que o Brasil virasse a Venezuela, e hoje vemos que a Venezuela adotou traços claros do nosso modelo. Quem inveja quem?
Como um irônico desfecho, George Orwell fecha “A revolução dos bichos” num tom de decepção com os “revolucionários”. Os porcos aparecem andando sobre duas patas, contrariando um dos mandamentos do início da Revolução, onde “quatro patas bom, duas patas ruim”. E, finalmente, os porcos unem-se definitivamente aos humanos, bebendo uísque, rindo juntos, a ponto de se tornarem indistinguíveis. Assim são todos os “salvadores democratas”.