Vereador no MS: ‘Marido não aguenta mulher sem fazer unha e cabelo’
Salão é importante. Imagina a mulher sem fazer sobrancelha, unha, cabelo, não tem marido nesse mundo que vai aguentar, tem que tratar da autoestima”. Com essa justificativa, o vereador de Campo Grande (MS) Wellington de Oliveira (PSDB) defendeu que salões de beleza fiquem abertos durante o período de isolamento social.
A declaração foi proferida durante sessão da Câmara Municipal na última terça-feira (7) em que eram discutidos quais serviços essenciais devem continuar funcionando durante a pandemia do novo coronavírus. O vídeo viralizou nas redes sociais e causou indignação.
No mesmo discurso, o político usou um exemplo de violência doméstica para justificar que as igrejas continuem de portas abertas. “Porque, se a pessoa quisesse matar a mulher e os filhos, ele vai e bate na igreja, está fechada. Daí ele fala: ‘É um aviso de Deus para eu voltar lá e matar’. Então igreja é essencial, tem que criar mecanismos novos para que a igreja funcione”, afirmou.
A Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas de Campo Grande qualifica como “ofensas machistas” as palavras de Oliveira. “Os comentários absurdos e desrespeitosos feitos pelo vereador, que tem formação jurídica e é delegado de polícia, devem ser expressamente repreendidos pela Casa de leis, inclusive com abertura de processo administrativo disciplinar”, afirma a entidade em nota.
Em nota, o vereador pediu desculpas aos que se ofenderam com o discurso e disse que vai pedir a retirada da fala em nova sessão. Ele afirmou que não é machista e que luta pelos direitos da mulher e no combate ao feminicídio e à violência doméstica.
Segundo ele, a fala visava esclarecer que “todos os serviços são essenciais dependendo de um ponto de vista, citando a igreja, para os que procuram refúgio, além de salões de beleza”. “Nesse ponto minha fala foi interpretada como machismo, ao invés de somente exaltar a mulher, as profissionais da área estética e a importância da autoestima feminina”, completou na nota.
O Mato Grosso do Sul registrou nesta segunda-feira (13) a quarta morte pela Covid-19. É uma mulher de 63 anos que estava internada na UTI de um hospital particular em Campo Grande desde o dia 28 de março e estava em tratamento contra um câncer, o que pode ter agravado a situação. Ao todo são 113 casos confirmado no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Em Campo Grande, a Prefeitura prorrogou até 19 de abril o toque de recolher na cidade entre 22h e 5h, mas afrouxou as restrições sobre as atividades comerciais. Já na semana passada, liberou o funcionamento de todo o setor de serviços, incluindo salões de beleza, comércio varejista em geral, além de concessionárias, livrarias e floriculturas.
Outros serviços, como lojas de material de construção, lotéricas, agências bancárias, setor industrial e a construção civil já tinham sido autorizados a funcionar. Ainda estão suspensos alguns setores específicos, como escolas, feiras, shoppings, galerias de lojas e casas noturnas.
Independentemente da atividade, locais de atendimento ao público funcionam com 30% da capacidade. A prefeitura também exigiu a demarcação de distanciamento mínimo de 1,5 metro em filas e recomendou controle de acesso às lojas e restrição no horário de funcionamento. Máquinas de pagamento deverão ser higienizadas após cada uso.
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