Veja quem é o cérebro por trás das ideias de Jair Bolsonaro
Logo na primeira página do best seller “O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, o filósofo Olavo de Carvalho decreta: “Em grego, idios quer dizer ‘o mesmo’. Idiotes, de onde veio o nosso termo ‘idiota’, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez”. Guru do presidente eleito Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho é o cérebro por trás de ideias como a crítica ao Globalismo, teoria professada pelo futuro chanceler, Ernesto Araújo, e o projeto Escola sem Partido, que os aliados do novo governo tentam aprovar na Câmara. Bolsonaro começou a se interessar mais profundamente pelas ideias de Olavo de Carvalho por volta de 2013. Suas ideias, amplamente críticas à esquerda, caíram no gosto da nova direita brasileira principalmente pelo estilo debochado, irônico, e por serem vistas como arcabouço teórico para o desejo de mudança frente a mais de 13 anos de supremacia do PT. Mais do que um integrante da direita brasileira, Carvalho se define como “pai” da nova direita brasileira. Ele foi um dos primeiros intelectuais a se manifestar radicalmente contra o PT, ainda durante o primeiro governo Lula.
O filósofo é uma pessoa controversa. Além das suas ideias sobre política, nutre também um gosto pela astrologia, ao mesmo tempo em que questiona algumas das Leis de Isaac Newton. Mas integrantes do governo Bolsonaro admitem que vêem nele um ídolo, uma espécie de oásis intelectual. Carvalho foi responsável pela indicação de cargos de natureza política no atual quadro, como o caso do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, declaradamente um fã dos textos do filósofo. O próprio Olavo, que mora nos Estados Unidos, chegou a ser sondado para fazer parte da equipe bolsonarista no mesmo cargo destinado a Ernesto Araújo.
Crítica ao globalismo
Aproximadamente 535 mil pessoas seguem as ideias de Olavo por meio de sua página no Facebook. Olavo é amplo defensor da posse de armas, do liberalismo ao estilo norte-americano e tem defendido ideias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pelo que chama de Globalismo, teoria que tem também Ernesto Araújo como grande adversário, a globalização econômica teria sido distorcida numa conspiração marxista, especialmente no campo cultural. Para Olavo de Carvalho, o magnata George Soros, um dos homens mais ricos do planeta, com uma fortuna avaliada em mais de US$ 25 bilhões, seria um esquerdista, ideólogo e profusor do Globalismo.
“Antigamente a esquerda chamava o globalismo de imperialismo e vivia gritando ‘O Petróleo é Nosso’ e alertando contra os estrangeiros na Amazônia. Agora chama de fascista quem quer que defenda o que ela defendia ontem. Não por coincidência, nesse ínterim, encheu o c… de dinheiro do George Soros, da Fundação Rockefeller e similares”, disse Olavo em sua página no Facebook em outubro deste ano.
A admiração de Bolsonaro pelas ideias de Carvalho remetem às primeiras investidas do então deputado federal rumo ao cargo de presidente da República. Em 2014, Olavo declarou voto em Bolsonaro caso fosse eleitor do Rio de Janeiro. A aproximação no campo das ideias foi se tornando amizade de fato. “Queria agradecer aqui ao Sr. Olavo de Carvalho, que me citou em seu blog, dizendo que, caso ele fosse eleitor no Rio de Janeiro, votaria em mim. É um homem que representa mais do que a direita, representa o direito em nosso País, representa a democracia e representa a verdade”, disse Bolsonaro em discurso na tribuna da Câmara em outubro daquele ano. Seguir cegamente as ideias de Olavo de Carvalho pode ser o risco de trocar ideias prontas, hoje criticadas, por outras igualmente prontas. Como ele mesmo escreveu em seu livro, é o risco de se apontar rumo ao caminho para a pequenez.
Fonte:Terra