Tiago Nunes comenta “oba-oba” do Botafogo, citado por Diego Costa: “Que se blinde desse clima”
Frustração total. Assim foi o empate por 0 a 0 entre Botafogo e Cruzeiro na tarde deste domingo, no Nilton Santos, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. O resultado jogou o Alvinegro para a quinta posição, além de não ter mais chance de título. O técnico Tiago Nunes falou após a partida e, entre os vários assuntos, foi questionado sobre o “clima de oba-oba” citado por Diego Costa.
— Posso falar desde a minha chegada e não houve esse clima de oba-oba, porque eu não iria permitir. O Diego (Costa) foi muito profissional com a gente, esteve muito bem, teve uma lesão que atrapalhou. Desde a minha chegada não houve esse clima, não posso falar do que aconteceu antes. Conhecendo os profissionais que aqui estão, creio que não houve isso. Creio que faltou experiência. Hoje a gente cumpriu o 10º jogo sem vencer, mas não foi algo exclusivo do Botafogo. O Atlético-MG teve um momento igual, reverteu e chega com chances de título na última rodada.
— Espero que o que se passou agora sirva de lição para a próxima temporada para que não se repita isso. Não só para a torcida, mas para o clube. Que se blinde e nunca se crie esse clima que o Diego — afirmou Tiago Nunes.
Com o 0 a 0 no Niltão, o Botafogo chegou a 10 jogos sem vencer no Campeonato Brasileiro: são quatro derrotas e seis empates. O Alvinegro caiu para o 5º lugar, sua pior posição desde o início da competição, e não depende mais apenas de si para conseguir a classificação para a fase de grupos da Libertadores. Para Tiago Nunes, agora a missão é recuperar a confiança da torcida.
— Quando se trabalha em equipes de massa, tem que estar sempre preparado para cobrança. Não pode fugir dessa responsabilidade. É um peso que se paga. Esses 28 anos tem um peso na relação com o torcedor. Única forma de reatar é vencendo. Se não vencer, esse sentimento vai continuar aumentando e sendo sustentada por uma grande frustração. Temos que terminar a temporada, fazer uma análise do porquê aconteceu. Se a gente ficar remoendo isso, a gente nunca dá um passo à frente. Eu penso que o final dessa temporada acabou sendo duro para o Botafogo porque chega com chance real de ser campeão e esgota todas as possibilidades por situações que ninguém está preparado. Creio que sempre há vida no dia de amanhã. Meu papel é encontrar meios de fortalecer esse processo e o emocional dos jogadores. Dos que estão aqui e dos que vão chegar. Porque quem vem tem que estar preparado para aguentar.
O Botafogo volta a campo na próxima quarta-feira para a disputa da última rodada do Campeonato Brasileiro. O Alvinegro enfrenta o Internacional no Beira-Rio, às 21h30 (de Brasília).
Confira outras respostas de Tiago Nunes:
Buscar o resultado em Porto Alegre:“Primeiro temos que encontrar os jogadores que estão mentalmente capazes. Depois criar uma estrutura de equipe que consiga dar suporte a esses atletas. Desde a minha chegada a gente fez uma mudança significativa desde o jogo contra o Santos. Creio que a equipe teve uma boa resposta até o fatídico momento contra o Coritiba. A gente ali chegou no limite mentalmente. Foi muito difícil construir o ambiente para o jogo de hoje. As duas equipes pareciam cansadas e tem muito a ver com a parte mental. A gente precisa buscar quem reverta essa parte mental, talvez buscando jogadores que ainda não tiveram minutos. Como foi o caso do Newton hoje, que tinha feito bons treinos comigo. Eu não ligo muito para essa questão de idade”
Onde o Botafogo errou: “Muito difícil fazer avaliação do começo da temporada. Mesmo que eu tivesse opinião formada, não externaria em respeito aos profissionais. Não vivi uma situação como essa, de ter tantos jogos com gols depois dos 90 com tom de dramaticidade tão grande. No futebol, as coisas não acontecem por uma só razão. Cada um de nós tem uma teoria. Somos privilegiados com mais informações, mas hoje cada um tem uma teoria. Eu prefiro guardar e debater isso internamente. Com muito respeito ao torcedor. Tem coisas que podemos externar, outras temos que reservar internamente para proteger as pessoas e principalmente a instituição. Temos todos um olhar para a situação crítica que atravessamos, mas ao mesmo tempo temos que olhar para as coisas positivas. Dentro desse balanço temos que fazer uma avaliação pensando no amanhã. Não podemos colocar 30 jogadores em um balaio comum e dizer que o Botafogo não é um clube em crescimento. Meu papel é ajudar tendo um olhar técnico, pragmático e objetivo”
Perda do título: “Qualquer derrota impacta. Agora temos que ver o que fazer com esse impacto. Podemos abaixar a cabeça ou evoluir com essa situação que estamos passando. Eu continuo com um foco muito forte para o jogo contra o Inter, mas já pensando na próxima temporada. Eu vim para um projeto de longo prazo e estou com a mentalidade voltada para isso. De fortalecer o projeto do clube. De dar amparo técnico de tudo que eu já vivi dentro do futebol. Para que a gente possa ter o Botafogo brigando em cima da tabela, não só em 2023, mas também em 2024. Que a gente tenha um início de ano melhor para que possa sofrer menos e ter uma equipe mais temporada. Espero estar capitaneando esse projeto na próxima temporada e nas seguintes”
Cenário contra o Internacional: “Vamos nessa busca incessante pelos jogadores que tem condições de defender o Botafogo. Vocês tem avaliação qualitativa, ver quem se apresentou, quem não teve medo de jogar, quem sofreu mais ou menos fisicamente. Depois tem um staff que ajuda a analisar todas as informações para ver quem são os caras dentro da ideia de jogo para enfrentar o Inter que vão ajudar. O caminho é esse. Não tem receita de bolo. Tem que ver com quem a gente vai contar e montar o time”
Como planeja o time para a próxima temporada: “Essa estrutura utilizada no momento é a base do que eu avaliei da equipe, tanto de antes da nossa chegada, quando depois do jogo contra o Fortaleza. Ficou evidente uma fragilidade defensiva e procurei meios de resolver isso. É difícil falar por que tomamos gols contra Santos e Coritiba, mas defensivamente a equipe foi muito mais estável. É preciso ser equilibrado. Hoje, a gente conseguiu de certa forma ter uma boa estrutura defensiva, mas produziu pouco. Tivemos apenas três chances de gol. Foi uma opção para esse momento, para proteger um pouco mais a nossa equipe, ter mais estabilidade. Coisa que de certa forma aconteceu contra Santos e Coritiba, mas que o tal do futebol nos pregou uma peça”
Posições de reforço: “Temos conversado diariamente, com Mazzuco e Alessandro, sobre as posições que temos que buscar. Vamos tratar internamente porque a gente sabe como funciona o mercado para preservar as pessoas. O Botafogo hoje tem uma rede de monitoramento muito bem estruturada, tem uma base de equipe e creio que a gente precisa ser muito assertivo em posições pontuais pensando em qualificar esse elenco para 2024”