Soja inicia semana em queda nesta 2ª feira em Chicago com movimento de realização de lucros
As cotações passam por um movimento de correção técnica e realização de lucros depois de subirem mais de 4% no pregão da última sexta-feira (6) e, por volta de 7h40 (horário de Brasília), recuavam entre 9,75 e 11,50 pontos.
Mais uma semana começando com preços da soja em queda na Bolsa de Chicago. As cotações passam por um movimento de correção técnica e realização de lucros depois de subirem mais de 4% no pregão da última sexta-feira (6) e, por volta de 7h40 (horário de Brasília), recuavam entre 9,75 e 11,50 pontos. Com isso, o julho/18 tinha US$ 8,62 por bushel.
O mercado internacional ainda se atenta à guerra comercial não resolvida entre China e Estados Unidos e quais serão os próximos movimentos de ambas as nações. A possibilidade das tarifações dos dois lados continua e, portanto, a pressão sobre as cotações da oleaginosa na CBOT também.
De outro lado, o clima começa a preocupar no Meio-Oeste americano. Nas próximas semanas, as temperaturas deverão subir de forma muito intensa e causar alguma impacto sobre as lavouras. A atenção dos traders, portanto, se divide com esse fator também. Na tarde de hoje, às 17h (Brasília), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz a atulização das condições dos campos e as expectativas indicam pouca mudança nos números.
A semana deverá ser ainda de ajuste antes do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA divulga na quinta-feira, 12 de julho. Para algumas casas internacionais, como a Allendale, Inc., o reporte poderia trazer um aumento de produção e produtividade no caso da soja.
Veja como fechou o mercado na última semana:
Soja surpreende e fecha com mais de 4% de alta na Bolsa de Chicago
Em mais uma semana que parecia perdida para os preços da soja, o mercado na Bolsa de Chicago mudou de mão e fechou o pregão desta sexta-feira (6) com alta de quase 40 pontos entre os contratos mais negociados. Dessa forma, as cotações conseguiram acumular altas de mais de 1% no balanço semanal, para o julho/18 fechar nos US$ 8,74 e o o agosto/18 nos US$ 8,77 por bushel. O novembro/18 voltou a se aproximar dos US$ 9,00 e ficou em US$ 8,94.
As altas surpreenderam consultores e analistas, uma vez que seria neste 6 de julho a data limite para o início da vigoração das tarifações de China e Estados Unidos, efetivando o início de uma guerra comercial que, até então vinha sendo trabalhada somente nos discursos e ameaças.
E foram estas ameçadas, ainda segundo os executivos, que vinham sendo amplamente precificadas pelo mercado ao longo dos últimos meses e, na medida em que os preços registram mínimas severas na CBOT, atraíram uma importante recompra de posições por parte dos fundos investidores. Os preços alcançaram patamares beirando as mínimas de uma década.
Como explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, o mercado teria ainda “sobreprecificado” essa guerra comercial, levando os preços a patamares muito baixos. “E tudo o que pe exagero precisa ser corrigido”, explica, sinalizando a possibilidade de uma retomada – mesmo que leve – das cotações na medida em que as informações comecem a ser digeridas e os negócios, acomodados. “Teremos que avaliar os reflexos do sim ou do não”.
É consenso entre os analistas e consultores, portanto, que o mercado buscou, nesta sexta-feira ao subir mais de 4% em Chicago, confirmar o conhecido movimento do “vender no boato e comprar no fato”.
“Acredito que o mercado sobe nesse momento porque estava muito pressionado e, enfim, chegou a hora da verdade. A China esperou que os EUA dessem o primeiro tiro nesta guerra, por isso – apesar de fuso horário 12 horas a frente de Washington – eles esperaram os EUA executarem o primeiro movimento”, disse o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.
As incertezas, no entanto, ainda são muito grandes e os chineses seguem buscando alternativas para uma possibilidade de ter de migrar boa parte de sua demanda para outro fornecedor que não os EUA, além dos já tradicionais, especialmente o Brasil.
Informações apuradas pela consultoria internacional AgResource Mercosul (ARC) mostraram que o governo da China se reuniu, nos últimos dias, com as maiores esmagadoras do país para alertá-las sobre a possibiilidade de uma redução de suas importações de soja em grão na casa de 15% a 20% no próximo ano comercial, o que daria cerca de 15 a 20 milhões de toneladas a menos, se confirmado esse intervalo.
Em contrapartida, como explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, além dessa correção técnica, o mercado norte-americano também começa a processar a possibilidade de que a América do Sul passe à necessidade de importar soja dos EUA para atender a demanda chinesa em sua totalidade, o que também acaba sendo um fator positivo para as cotações, mesmo que ainda esteja na especulação.
A Argentina, neste ano, já realizou algumas compras por lá após uma de suas mais sérias quebras por conta do clima.
Ao mesmo tempo, embora ainda como um fator secundário, as condições de um tempo mais seco no Meio-Oeste americano também ajudaram nesse movimento intenso de alta desta sexta-feira. De acordo com informações do Drought Monitor – sistema americano que monitora a seca no país – cerca de 40% a 50% do país continua a sofrer com o tempo seco nas últimas 16 semanas.
Essa tendência poderia, inclusive, se manter pelos próximos dias, segundo as previsões do NOAA, o serviço oficial de meteorologia norte-americano para os meses de julho, agosto e setembro, o que poderia indicar uma temporada de calor mais intenso e chuvas mais restritas nas próximas semanas.
“Na safra dos Estados Unidos, o desenvolvimento segue favorável, no entanto com a chegada de um padrão negativo à saúde vegetal da soja e do milho no Cinturão Agrícola. Chuvas abaixo da média e com níveis desconfortáveis para o bom progresso reprodutivo são o cenário para esta primeira metade de julho. Além do mais, as temperaturas médias são elevadas para o mesmo período de poucas precipitações”, explica a AgResource Mercosul (ARC).
Mercado Brasileiro
Na mesma semana em que as cotações na Bolsa de Chicago subiram mais de 1%, os prêmios para a soja brasileira voltaram a dispararar e acumularam um ganho muito intenso. A posição julho subiu 24,57% e o setembro, 14%, e assim ficaram em, respectivamente, US$ 2,18 e US$ 2,28 sobre as cotações praticadas na CBOT. E esse tem sido o mais importante fator de sustentação para as cotações nacionais.
Os preços da soja nos portos do Brasil voltaram a testar a casa dos R$ 90,00 por saca e a retomada estimulou novos negócios no país. Em Paranaguá, terminando a semana, o produto disponível ficou em R$ 89,50, com alta de 0,56%, e a referência março/19 registrou uma escalada de 9,88% para ficar em R$ 90,00. No terminal de Rio Grande, altas de 4,12% para a soja disponível, que ficou em R$ 88,50, e de 3,96% para R$ 89,20 no indicativo para agosto/18.
O dólar, nesta sexta-feira, foi o fiel da balança para os preços da soja, vindo na contra-mão das altas em Chicago, como tradicionalmente acontece, e do ganho dos prêmios. Ainda assim, a moeda americana encerrou a semana sendo cotada a R$ 3,8687.
“A moeda (norte-americana) continua se valorizando fortemente contra o real, mostrando que o mercado vem testando a autoridade monetária”, escreveu a Rico Investimentos em relatório.
Fonte: Notícias Agrícolas