Soja: Antes do G20, mercado corrige últimos ganhos e recua em Chicago nesta 5ª feira
Em uma correção já esperada para esta quinta-feira (29), os preços da soja trabalham em baixa na Bolsa de Chicago na manhã de hoje, após subirem mais de 1% no pregão anterior. As cotações, por volta de 8h45 (horário de Brasília), perdiam entre 4,50 e 5,25 pontos com o janeiro/19 valendo US$ 8,85 por bushel.
O mercado segue na espera pelas novidades do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping que começa amanhã, na Argentina, durante a reunião do G20. Nenhum outro fator tem tido força para mudar o direcionamento dos preços até este momento.
As expectativas sobre um acordo entre os dois líderes são as mais variadas e contribuem para manter o mercado ainda volátil. O objetivo dos traders tem sido, principalmente, o de estarem bem cobertos antes das definições.
“Fundos de gestão ativa ainda possuem a maioria dos contratos abertos no lado da venda para a soja aqui em Chicago, sendo que a mentalidade de aversão ao risco traz as intenções de reversão parcial destas posições (reverter a venda é adicionar compras!). A ARC lembra que sempre será de alta complexidade prever política, principalmente em casos que relacionam uma personalidade excêntrica como de Trump”, explicam analistas da ARC Mercosul.
Ainda nesta quinta, o mercado espera também pelo boletim semanal de vendas para exportação que será divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As expectativas são de 400 mil a 900 mil toneladas de soja em grão, 175 mil a 400 mil toneladas de farelo e 8 mil a 30 mil toneladas de óleo.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Soja sobe mais de 1% nesta 4ª em Chicago ainda se ajustando antes do encontro entre Trump e Xi
O mercado brasileiro de soja continua vendo seus negócios caminharem ainda de forma bastante lenta, mesmo com as novas e fortes altas registradas na Bolsa de Chicago no pregão desta quarta-feira (28). Os futuros da oleaginosa subiram mais de 1% neste pregão, porém, no Brasil, os preços não acompanharam o ritmo.
Na maior parte das principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, as cotações terminaram o dia com estabilidade e oscilações bastante pontuais. Em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, por exemplo, o preço subiu 5,8% para fechar em R$ 73,00 por saca.
Nos portos, Paranaguá mais uma vez conseguiu se manter estável, com R$ 83,00 por saca no disponível e R$ 80,00 na safra nova, com referência março/19. Em Rio Grande, por outro lado, os indicativos subiram, com R$ 83,80 no spot e R$ 84,50 no dezembro, com altas de, respectivamentem 1,58% e 0,60%.
Como explicou o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, “na safra disponível não tem mais soja para vender e, da safra nova, o produtor ainda está muito reticente em vender”, diz.
E essa reticência se dá em função da espera pelo encontro do G20 que acontece na Argentina, entre 30 de novembro e 1º de dezembro, onde voltam a se encontrar os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Ainda segundo Fernandes, essa espera mantém tudo em compasso de ajustes e espera, uma vez que a formatação e efetivação de um acordo entre os dois países seria o principal direcionador dos preços depois de sua definição.
“Tivemos, nesta terça, especulações de que um provável acordo poderia sair da reunião do G20, mas muitas declarações estão saindo nestes últimos dias e o mercado está muito suscetível a elas”, diz Fernandes.
Além disso, o impasse em torno dos fretes, como explica o consultor, também é outro ponta que ajuda a travar a comercialização. “Já deu o tempo e esse assunto precisa ser resolvido”, explica.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta, o advogado e sócio da Bichara Advogados, Diogo Ciuffo Carneiro, decisões judiciais recentes já confirmam que a tabela não tem respaldo legal e que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) teria se precipitado.
Bolsa de Chicago
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou, nesta quarta-feira uma nova venda de 268,748 mil toneladas de soja da safra 2018/19 para destinos não revelados. O mercado na Bolsa de Chicago, que espera pela reunião entre Donald Trump e Xi Jinping na cúpula do G20, se apegou ao reporte e fechou o dia com altas de mais se 1% entre os principais vencimentos.
Assim, o janeiro/19 busca os US$ 8,90, enquanto o maio/19 já supera os US$ 9,10.
“Os ganhos são impulsionados pela cobertura de posições por parte dos traders, que buscam estar bem posicionados antes da reunião de Donald Trump e Xi Jinping no final da semana. Embora um final da guerra comercial pareça improvável neste momento, os dois presidentes poderão, ao menos, trabalhar para evitar mais penalidades”, diz o analista sênior do portal norte-americano Farm Futures, Bryce Knorr.
O mercado, ainda segundo o executivo, continua caminhando de acordo com as declarações que chegam de Pequim e Washington. No entanto, caso as altas persistam e os preços ultrapassem suas médias móveis de 50 e 100 dia, esse pode ser um fator positivo para as cotações.
Para Ênio Fernandes, essas altas foram mais um movimento de ‘respirada’ do mercado, nessa tentativa de se ajustar antes do G20. “Acredito que só depois do dia 1º de dezembro é que conheceremos a cara desse mercado”, diz.