Seca extrema deixa balsa com centenas de motocicletas encalhadas há cerca de 40 dias no rio Madeira
Uma balsa transportada com cerca de 400 motocicletas segue encalhada no rio Madeira há aproximadamente 40 dias. A seca extremamente afetou o transporte de cargas no trecho entre Manaus e Porto Velho e um dos serviços prejudicados é o de venda de veículos.
Segundo Natani Lima, gerente de uma das transportadoras que recebem os produtos, a balsa saiu de Manaus com previsão de chegar a Porto Velho no dia 24 de setembro. A viagem durou, em média, 15 dias.
“Devido ao nível do Rio, encalhou em um banco de areia. Cerca de 400 motos, das concessionárias do estado do Acre e Rondônia”, conta.
➡️ Através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do rio é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.
Desde julho, as embarcações estão proibidas de navegar no período noturno, por causa da seca. Na época, o rio estava com 3,75 metros. Nesta quarta-feira (30), às 11h, ele estava a 76 centímetros. O nível menor já registrado foi de 19 centímetros, no dia 11 de outubro.
Balsas que transportam grãos, como milho e soja, e combustível, como gasolina e diesel, ficaram paradas ao longo do rio, à espera de melhores condições para navegação.(Veja na imagem abaixo)
Balsas encalhadas no rio Madeira — Foto: Rede Amazônica
As operações no Porto de Porto Velho foram temporariamente paralisadas pela 1ª vez na história no dia 23 de setembro. Armadores e operadores portuários pararam suas atividades por causa das condições de navegabilidade no Rio Madeira.
O cenário de um rio “inavegável” obrigou as transportadoras a mudarem a rota de transporte dos veículos. O trajeto antes feito pelo Rio, entre Manaus e Porto, mudou a rota para Belém e agora chega à capital de Rondônia por via terrestre, através da BR-364.
“Atrasa também um pouco na entrega, porque até haver essa logística de envio demorou um tempo, então as motos que antes chegavam aqui com 15 dias tem demorado na faixa de 25 dias, ocasionando também um pouco de atraso para esses clientes finais”, aponta Natani.
Seca histórica
Rondônia enfrentou a maior seca da história. O rio Madeira registrou uma sequência de níveis nunca observados desde 1967, quando começou a ser monitorado.
Historicamente, outubro e novembro são os meses em que a Madeira fica mais seca. No entanto, o nível do rio começou a bater mínimos históricos já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico.
Os moradores das comunidades ribeirinhas viram os poços amazônicos secos, assim como o rio. Sem acesso à água, eles dependem de cargas enviadas pela Defesa Civil Municipal e pelas secretarias de assistência social de Porto Velho e do estado de Rondônia.
G1
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