São Paulo inova ao apostar em Fernando Diniz
O período de início do segundo turno do Brasileirão parece ser crítico para os treinadores, pois mais uma vez, ocorreu a troca de quatro técnicos no decorrer de apenas uma rodada do campeonato nacional.
Cuca pediu demissão do São Paulo, Fernando Diniz assumiu. Rogério Ceni deixou o trabalho recém iniciado no Cruzeiro e Abel Braga já foi contratado. No Fortaleza, Zé Ricardo foi demitido e Rogério Ceni voltou. E, Oswaldo de Oliveira deixou o Fluminense, que por enquanto está sob o comando de seu técnico interino, Marcão.
Os motivos e histórias foram diferentes, porém sua essência é sempre a mesma: reflexos da cultura resultadista. Ou seja, os times pararam de apresentar bons resultados, começaram a perder posições na tabela de classificação e as torcidas iniciaram protestos.
Como faltam pouco menos da metade das rodadas para serem disputadas no campeonato nacional, este período se apresenta como promissor para mudanças. A meu ver, essas mudanças não passam de medidas paliativas, para tentar corrigir a curva de rendimento dos clubes, que na maioria dos casos citados se mostrava decrescente.
Porém, neste período, o calendário de jogos se torna mais rígido, com poucos intervalos para a disputa de campeonatos paralelos. Assim, o tempo de treinamento das equipes ficam reduzidos, pois tem que haver um tempo de recuperação dos atletas, uma vez que as equipes tem, invariavelmente, que disputar dois jogos por semana.
Sem muito tempo para treinar, a troca de comando técnico poderá se tornar desastrosa, principalmente se o novo treinador não seguir a mesma linha de trabalho que estava sendo utilizada. Por isso, acredito que a alteração que tende a ser a mais delicada é a efetuada no São Paulo.
Fernando Diniz, ex – Fluminense e ex – Athletico Paranaense, tem estilo peculiar com características voltadas ao futebol moderno, no qual a posse de bola é valorizada desde o setor defensivo. Os goleiros que trabalharam com Diniz são orientados a participar da construção de jogadas, com a bola no chão.
O treinador costuma valorizar a técnica de seus jogadores, montando o times criativos para envolver o adversário com a posse de bola, com ideias semelhantes as utilizadas por Sampaoli no Santos e Jorge Jesus no Flamengo.
Apesar de Cuca não ser extremamente conservador, como Carille no Corinthians, o São Paulo estava formatado para ser um time mais reativo, com defesa forte e utilizar a velocidade para criar suas jogadas ofensivas. Conceitos esses, que não cabem na filosofia de Diniz.
O elenco terá que incorporar as novas ideias sem muito treinamento. Devido à falta e tempo, provavelmente os próprios jogos serão utilizados para a equipe se adaptar. Em um primeiro momento, acredito que Diniz irá manter os conceitos defensivos de Cuca e contar com as qualidades individuais dos atletas para que comecem a colocar em prática suas ideias.
No primeiro jogo, o adversário foi o Flamengo, que é uma das equipes brasileiras mais qualificadas no momento e que segue os padrões do futebol europeu. Diniz não mudou muito a estrutura da equipe do São Paulo, para não correr riscos desnecessários, mas aparentemente, já mostrou maior organização em campo.
Apesar de ser esperado que o Flamengo tivesse maior volume de jogo, o São Paulo se apresentou mais reativo do que com Cuca, com maior aproveitamento das poucas oportunidades que teve.
Como a troca de técnico tem o poder de elevar o moral da equipe, o São Paulo chegou a ser criativo e utilizando contra-ataques, teve algumas oportunidades de abrir o placar, mas sem efetividade.
Devido a carência de organização coletiva que o São Paulo vem apresentando, acredito, que a definição e implantação de um padrão de jogo poderá ser o maior legado da nova gestão. A qualidade do elenco e o respaldo da diretoria são-paulina serão fundamentais para determinar o sucesso do trabalho de Diniz.
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