São Paulo busca laterais para 2025, mas diretor descarta Marcelo: “Não está dentro do nosso perfil”
O São Paulo irá ao mercado com cautela para a temporada 2025, mas já tem prioridades definidas pela diretoria de futebol e pelo técnico Luis Zubeldía. Com a saída de Welington para o Southampton, da Inglaterra, o clube deve contratar um lateral-esquerdo que chegue para ser titular.
Em entrevista exclusiva ao ge, o diretor de futebol Carlos Belmonte falou sobre as necessidades da equipe, detalhou as negociações de renovação de contrato já existentes hoje no clube e descartou a busca pela contratação de Marcelo, de 36 anos, que deixou o Fluminense na última semana.
– Marcelo é um grande jogador, um jogador de Champions League, jogador fantástico, mas ele tinha muito a ver com o Fluminense, né? Por toda a história dele, como o Thiago Silva, ou como o Lucas aqui. Eu acho que aí tem um peso. No nosso caso, Marcelo não está dentro do nosso perfil de jogo, de como a gente pensa a formatação do time. A gente precisa de alas com velocidade, com força, com muita chegada. Marcelo é um jogador muito técnico, mas tem que ter um projeto em torno para ele jogar. Ele é um jogador fantástico, mas a gente não pensa no Marcelo aqui, não – afirmou Belmonte.
O clube deve buscar ainda um meio-campista e pode ir ao mercado atrás de um lateral-direito caso Rafinha opte por se aposentar. Tanto ele como o volante Luiz Gustavo ainda não tomaram a decisão.
Abaixo, você confere a segunda parte da entrevista com Carlos Belmonte:
ge: Quais são as posições primordiais que o São Paulo deve atacar no mercado em 2025?
Carlos Belmonte: – A principal posição que a gente precisa, óbvio, pela saída do Welington, é a lateral esquerda. Se o Rafinha não ficar, vamos precisar também de um lateral-direito. E nós só temos um jogador nessa posição de meia-armador, que hoje basicamente quem joga é o Luciano, algumas vezes o Lucas também por dentro, mas precisamos de mais um jogador nessa função. Basicamente, são essas três posições que a gente olha com um olhar diferente. Se for em grau de prioridade, a prioridade nesse momento é o lateral-esquerdo, porque a gente já sabe que o Wellington vai embora.
– Aliás, Wellington não renovou o contrato com a gente, e quando isso acontece a torcida fica brava com o jogador, mas algo que a gente tem de dizer é que ele tem sido um profissional exemplar desde que assinou com outro time. Welington joga praticamente todas as partidas, só não joga quando está contundido. Ele se dedica demais aos treinos e aos jogos, tem sido um jogador realmente exemplar.
Esse atraso nas decisões de Rafinha e Luiz Gustavo sobre prolongamento de carreira acaba atrapalhando o planejamento do clube?
– Essa decisão vai ser tomada num momento correto, não nos atrapalha. São jogadores que a gente tem uma relação muito boa, jogadores importantes e que dão um exemplo para que ninguém converse sobre isso agora. Se Rafinha e Luiz começam a falar de renovação agora, todo mundo pode, certo? Isso pode tirar o foco da competição. Então, Rafinha e Luiz, como líderes, mostram que agora não é hora de conversar disso. Vamos conversar quando acabar o campeonato. Tem um mês de férias. Neste momento, estamos contando com eles (para 2025).
Há conversas para as renovações de Liziero, que tem contrato até junho de 2025, e com Rafael e Alan Franco, cujos vínculos terminam em dezembro do ano que vem?
– Tirando o Liziero, que a gente já fez uma primeira conversa, vale muito o que eu falei sobre Rafinha e Luiz Gustavo: a gente vai esperar terminar a temporada. Óbvio que tanto o Alan quanto o Rafael nos interessam, a gente quer renovar, quer continuar com eles. Alan tem talvez a melhor temporada dele, o Rafael provou mais uma vez a importância dele no jogo contra o Bahia, com duas defesas dificílimas. E é também um dos líderes do nosso elenco. Então, são dois atletas que a gente pretende renovar.
O São Paulo terminará a temporada com uma necessidade de vendas?
– Ah, sempre tem, né? A necessidade de venda nós temos. É uma preocupação nossa, porque nós não temos ativos, nós montamos um elenco com alguns jogadores mais veteranos, um time, vamos dizer, mais cascudo e com espaço para alguns jovens. Pablo Maia era um jovem que estava em alta, mas que se contundiu. Agora terá todo o primeiro semestre que ele vai jogar para a gente entender como o mercado vai olhar para ele no meio da temporada, no mercado quente da Europa.
O William Gomes, por exemplo, entrou na mira do Newcastle. E o clube já recusou propostas por esse jogador anteriormente. Vocês seguem com a mesma postura de querer mantê-lo em 2025?
– A postura é a mesma. A gente já fez a alteração de postura no ano de 2022, ou seja, a gente precisa vender, sabe da necessidade, mas a gente não entrega o nosso jogador se ele não for valorado no que a gente acha que deve ser. Foi assim com o Beraldo. Teve proposta: “não, por esse valor, não”. No fim do ano veio nova proposta (do PSG): “por esse valor sim”. Nós não vamos nos desfazer (de jogadores).
Aconteceu também com o Moreira neste ano, certo? Que teve procuras do Internacional e do Porto?
– Moreira não teve proposta de venda, era um empréstimo com compra fixada, mas a gente achou que não devia emprestar com passe fixado mediante performance. A gente tem evitado essa história da performance dos nossos atletas, eles são atletas do São Paulo. Evitamos emprestar um jogador jovem e, se ele performar, vender. Não, ele já é do São Paulo. Para chegar onde chegou e ter o desejo, a performance já existiu. A gente pode emprestar um atleta, mas com compra garantida futura, não mediante performance. Isso se for um atleta que a gente tenha certeza que vai performar lá fora.
Há definição de empréstimos no Paulistão pra jogadores como Matheus Belém, por exemplo?
– Isso ainda está na formatação de como o Zubeldía vai ver o elenco do ano que vem. Mas você deu um exemplo, eu acho que o Mateus Belém tem jogado pouco. Nós temos muitos zagueiros. Se não venderem nenhum zagueiro, muito provavelmente o Belém vai jogar menos, então talvez seja um jogador de empréstimo. Mas é muito cedo dizer, vamos supor que chegue uma proposta agora para um dos zagueiros. Aí talvez abra espaço para ele. Tudo isso ainda está um pouco distante.
Apesar de ainda não haver propostas na mesa, existem jogadores que formam uma espinha dorsal do time que vocês não gostariam de fazer uma negociação?
– Tem os caras que a gente não gostaria que saíssem, mas eu não posso dizer pela situação que São Paulo vive, pela questão financeira. Eu não posso dizer que um jogador é inegociável, porque se chegar uma proposta muito alta, e a gente avaliar que é uma proposta boa, qualquer jogador pode sair. A gente tem uma espinha dorsal, queremos mantê-la, mas eu não posso dizer que “esse, de jeito nenhum”. Não tem ninguém que seja “de jeito nenhum”. O Pablo Maia, por exemplo, a gente acha um jogador fundamental para a gente. É um jovem. Mas se chegar uma proposta no meio do ano, de valores altos, pela carreira dele e pela nossa necessidade financeira, eu vou ter que dizer “ok”.
Dos reforços que foram contratados, dois ainda não conseguiram deslanchar: o Jamal Lewis, que tem sofrido para se adaptar, e o Santi Longo, que às vezes fica até fora do banco. Qual a avaliação?
– Especificamente no caso do Longo, é uma posição que nós temos muitos jogadores, né? O Luiz jogando, Bobadilla, Marcos Antônio que ganhou espaço e o próprio Liziero, que já estava aqui. Então, sobrou menos espaço para o Longo. A gente precisa entender como vai ser a próxima temporada, que teremos as voltas do Alisson e do Pablo. É um volante com característica diferente, mais de marcação, de movimentação e saída. Jogou uma boa partida contra o Cruzeiro. Devagarzinho vai ter seu espaço e nós vamos avaliar até o meio do ano que vem se ele vai se adaptar.
No aspecto de mercado, o São Paulo tirou alguma lição da fracassada passagem do James Rodríguez pelo clube?
– Eu concordo quando você fala do ponto de vista desportivo, é óbvio que o James não rendeu aquilo que nós esperávamos. Os motivos são muitos, mas não vem ao caso. Mas simultâneo a James teve o Lucas. São situações bastante semelhantes. E também havia dúvidas, é claro que o Lucas tem toda a história aqui, mas também havia dúvidas se ele renderia, e o Lucas rendeu muito. O que a gente continua fazendo é analisar, buscar alternativas. Se você pegar o pacote James, se ele tivesse dado certo, era baratíssimo. Quando não dá certo, óbvio que é um pacote custoso.
– A gente trouxe o Lucas, um jogador grande, sem transfer (custo de transferência). Então quando você faz a composição de luva, mais salários sem transfer e compara com o jogador que teve transfer, eles ficam baratos. A gente continua com a mesma linha. O que eu não tenho de recurso é para fazer investimento em transferências. A gente não tem esse recurso. Agora, quando você negocia com um atleta que ficou livre, ou que vem para o empréstimo, aí você vai pagar uma luva e vai diluir o valor ao longo do contrato. É assim que a gente trabalha aqui. Lucas deu certo desportivamente, e o James não deu certo desportivamente. Pode acontecer outras vezes, mas a análise continua da mesma forma.
E qual conclusão você tira ao ver que o James também não está jogando no Rayo Vallecano?
– É muito curioso, porque qualquer um que viu o James treinar aqui, encanta-se. É impossível você não se encantar vendo o James treinar, ele é um jogador tão diferenciado tecnicamente que a cada treino que ele faz você percebe que é diferente. Daí, como ele tem atuado em campo, eu acho que tem muito a ver com o motivacional dele. Ele tem um motivacional gigantesco para jogar na seleção da Colômbia, e por isso ele performa. Lá ele é o cara, então ele se fascina, mas ele tem tido mais dificuldade de performar nos clubes. A única leitura que eu faço é o motivacional, porque tecnicamente ele poderia jogar no São Paulo, ele poderia jogar na Espanha, ele tem qualidade para jogar.
– É possível adaptar o time a essa qualidade? Não sei. Eventualmente, na seleção da Colômbia é. Tem jogadores físicos, jovens, fortes, que conseguem se adaptar ao James. Talvez lá na Espanha não tenha esse mesmo perfil. Aqui no São Paulo ele também não conseguiu adquirir esse espaço para que fosse o cara do elenco e desse sustentação. Então é muito difícil. Agora que ele é um jogador de muitíssimo talento, e que não é um jogador físico do ponto de vista de competição, é claro que não é.
– Jamal começou a ter espaço com a contusão do Welington. Esse, claro, sofre mais com a adaptação da língua, um futebol completamente diferente. Da parte dele é natural uma insegurança, mas a gente já consegue observar nos treinamentos… Ele não fez uma partida boa contra o Bahia, estava inseguro, mas já é uma evolução, e ele tem treinado muito bem, ele já tem entendido mais o sistema de jogo, é um jogador de muita força, de velocidade, um jogador que não é de construção, ele precisa do espaço, receber a bola em profundidade, tem bom cruzamento, então assim, é uma adaptação. É um jogador que eu acho que vai ainda nos ajudar, vai se adaptar, vamos aguardar. Você tem que dar tempo de adaptação para o jogador.
O que você pode falar sobre os casos do Orejuela e do Méndez, que voltaram de empréstimos e estão no CT participando dos treinamentos junto do elenco?
– Eu tenho uma visão muito clara, que acho que é a mesma visão que o Júlio (Casares) tem. A gente usa o jogador enquanto ele tiver contrato. Eles não utilizados, mas não geram nenhum tipo de problema comportamental aqui. Eles chegam no horário, treinam direito, não criam problema nos treinos, fazem tudo que o treinador manda, a utilização ou não é um direito do treinador, ele quem escala. Pra gente, eles continuam fazendo parte do elenco enquanto estiverem aqui. E eles têm contrato. Orejuela até março, e o Méndez até o final do ano que vem. Eles estão à disposição do treinador. Se quiser usar, pode usar quando ele achar adequado, não tem problema nenhum com isso.