Pato é o maior desperdício de talento do futebol brasileiro em dez anos
O agente de jogadores que intermediou as negociações de Alexandre Pato, na disputa entre São Paulo e Palmeiras, no ano passado, não quer nem ouvir falar no nome do atacante. Nem dele, nem de seu pai, que acertou a ida ao Parque Antarctica, pouco antes de assinar com o time do Morumbi.
Isto foi em março de 2019.
Pato tinha o discuso de que tinha desperdiçado tempo e que pretendia recuperá-lo, jogar bem, para poder disputar a Copa do Mundo de 2022. Queria jogar com Felipão, porque entendia ser o treinador que confiava nele. Scolari convocou-o quatro vezes para a seleção, mas deixou-o de fora das listas da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
Mas Felipão não queria muito papo, Então, Pato pediu ajuda ao agente Jorge Machado, que intermediou a conversa. Felipão aceitou marcar um jantar. Queria olhar nos olhos do atacante. Saber se era sincero ou se a conversa era da boca para fora.
O encontro entrou na agenda, mas compromissos de Pato na China impediram que se sentassem à mesa. Felipão aceitou a conversa telefônica e acabou dando o aval para o contrato.
Aos 29 anos, Pato prometia dedicar-se por três anos, lutar por títulos, voltar à seleção.
Com o aval de Scolari, a operação chegou a Alexandre Mattos, com um plano de pagamento por desempenho. O projeto inicial do Palmeiras era de R$ 350 mil por mês, dependendo dos objetivos. Com a concorrência do São Paulo, subiu para até R$ 600 mil.
Além de tudo, a primeira opinião de Cuca foi a de não contratar. Pato queria trabalhar com Felipão e Cuca não desejava sua contratação no Morumbi. Quatro dias antes da assinatura do contrato, Cuca deu o aval. A partir da surpreendente decisão do então treinador são-paulino, o São Paulo pôs em prática a operação, que incluiria R$ 38 milhões por quatro de contrato.
Entre o desafio e o dinheiro, Pato ficou com a segunda opção. Depois de estar apalavrado com o Palmeiras, assinou com o São Paulo.
Este episódio deixou marcas. O agente que o ajudou não quer mais falar com ele. Alexandre Mattos, agora no Atlético, não deseja contratá-lo. O São Paulo percebeu o erro e admitiu a rescisão de contrato, ao ver que Pato virou a quinta opção de Fernando Diniz.
O Internacional admite que há uma negociação com Pato, mas no Beira Rio se diz que o contrato não será de três anos. Sem os velhos aliados, pode ser mais difícil continuar assinando contratos tão longos. Até mesmo no Beira Rio, há vozes levantando-se contra sua contratação. Eduardo Coudet diz apenas: “É um grande jogador.”
Não é.
Pato não é um grande jogador, porque grandes jogadores têm ambição. Pato é um malabarista da bola, um ás na arte de dominá-la, mas há muitos anos ela deixou de ser seu brinquedo preferido.
O problema é que a bola é quem lhe permite ter condições de brincar das coisas que mais gosta. Como os brinquedos dos ricos custam caro, são sempre os clubes de futebol a financiá-los.
Pato é o maior desperdício do futebol brasileiro nos últimos dez anos.