OPINIÃO JOGO ABERTO: 30/11/2017
A burrice continua imperando…
“A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor”, fato já constato na vida pública brasileira. Mas este é apenas mais um diagnóstico correto do nosso dia –a -dia. A crise, que atormenta a todos nós, mas especialmente aos milhões de desempregados, deixa evidente que sua origem está no glorioso passado de nossa burrice e na falta de caráter de, lamentavelmente, parte considerável de nossas elites.
Não há outra explicação para o comportamento de situação e oposição, os primeiros usando as dificuldades políticas para conseguir vantagens financeiras, seja diretamente para si, seja para suas chamadas “bases”, e os segundos apostando no quanto pior, melhor, num jogo de perde-perde, pois estão destruindo o país.
Há nesse processo um terceiro elemento, o povo, único que, na prática, tem condições de mudar toda a situação através da pressão e de sua arma maior, o voto. Este, no entanto, peca pela burrice da omissão, do discurso de que na política todos são iguais e do orgulho em dizer que detesta política. É dessa omissão dos patrões – sim, o eleitor é o patrão da classe política – que se aproveitam os que só têm compromissos com a própria eleição. Que fazem do populismo barato a base de seu discurso. Dos que pregam a divisão de riquezas que, por seu comportamento, impedem de serem produzidas.
Não é outro o comportamento dos que agora contestam as reformas que estão sendo propostas pelo governo. Não que devam se alinhar a elas automaticamente porque os que assim agem são também inconsequentes. Mas que as discutam com seriedade, sem a demagogia barata. Aprovem ou recusem, mas com base em análises confiáveis, pois não é crível que governo e oposição tenham números tão opostos sobre um mesmo tema.
Enganar o povo com discursos fáceis tem sido, até aqui, um caminho fácil. É nosso passado glorioso de burrice. O risco é permanecermos com um futuro promissor na burrice. Quebrar esse ciclo é fundamental para todos nós e para as gerações futuras. Não podemos apostar apenas em planejamentos de longo prazo, embora estes sejam imprescindíveis. A velocidade do avanço do mundo hoje não nos permite retardar nossas mudanças. Nossa demora na discussão ideológica e sem sentido do pré-sal nos fez perder, numa década, segundo cálculos da ANP, perto de R$ 1 trilhão em investimentos e receitas. Por nossa burrice promissora, corremos o risco de perder mais, pois os avanços tecnológicos já estão levando à substituição do petróleo como fonte energética.
E assim vamos, impedidos pelos que dependem do atraso para sobreviver politicamente, perdendo espaço na economia mundial por nossa falta de competitividade. É preciso agir e reagir. Os bons, expulsos pelo regime militar, precisam retornar à vida pública, isolando os que fazem da política não uma forma de servir à sociedade, mas de sobrevivência pessoal. Política não é emprego. É hora de renovar.
Fonte: Por Marco Aurelio