Opinião Jogo Aberto – 29 de Novembro de 2018
A hora agora é de baixar a bola e lutar por transparência e gentileza.
Iniciamos o nosso dia, sem saber de fato aonde queremos chegar. nossa mente anda povoada de preocupações. Já não temos mais tempo para esperar que as coisas mudem para melhor em nosso país. Ou será que o que de fato queremos é a escora de uma desculpa para cumprir esta obrigação semanal, muitas vezes agradável, mas quase sempre difícil? Não, não é nada disso. Nunca podemos enganar alguem nem procuramos ser, mesmo contra a opinião de um ou outro deles, na crítica que sempre fazemos, exageradamente suave.
O que nos falta hoje está no título acima: “transparência e gentileza”. Essas duas palavras foram usadas pela escritora Ana Maria Machado para dar título ao seu último artigo. O clima anterior às eleições, de brigas e melindres, entre amigos ou conhecidos, incluindo parte da mídia, e até mesmo na própria família, ainda perdura.
“Viver numa democracia supõe respeitar as urnas, os limites institucionais, o jogo de peso e contrapeso entre Poderes. A alternância no governo, que agora teremos, configura uma troca de papéis e exige uma oposição que fiscalize e proponha alternativas, mas que saiba conviver com o desejo expresso da maioria. Hora de deixar para trás o nós contra eles”. E mais: “Este quadro acentua a importância de se expressar, opinar, perguntar, ouvir, analisar, corrigir, sugerir. Tentar entender.
Abandonar melindres e a retórica de que a democracia corre risco se houver discordância. Admitir fatos. Admitir que a corrupção não foi invenção de juízes antipetistas. Que a nova matriz econômica de Dilma foi um desastre na ponta do lápis, não na má vontade da mídia”. E, finalmente: “Que a ONU nunca recomendou o registro da candidatura de Lula e que nosso Judiciário não desrespeitou essa pretensa determinação – foi só a opinião avulsa de dois peritos de um comitê”.
É sabido que não é fácil manter esse clima de indiferença. É de se preocupar com a arrogância que tomou conta de parte (a radical) dos eleitores de Jair Bolsonaro. Postam a toda hora ameaças nas redes sociais e, depois, concluem assim, contra o próprio eleito: “A partir de janeiro, começa a segunda independência do Brasil”. Chegam até a comemorar o retorno do regime militar, pois entendem que a presença de militares no alto escalão de um governo é que define o regime político do país, e não sua obediência à Constituição e ao Estado democrático de direito.
Por outro lado, não estão corretos os que perderam as eleições de outubro deste ano. Além de denunciarem todo tipo de falcatrua, demonstrando, como dizem alguns deles, que o eleito não tem legitimidade, ainda tentam construir, com grande antecipação, sem lhe dar nenhum crédito, uma oposição raivosa, sem, antes, passarem por reflexão profunda sobre o que fizeram ao país em 13 anos e pouco de poder. Insistem em descrer do mal que impuseram a muitas gerações.
A esta altura dos acontecimentos, o presidente eleito já está plenamente consciente do enorme tamanho da responsabilidade que assumirá a partir de janeiro de 2019, que se agrava (é bom lembrar, leitor) ainda mais com a preocupação que todos temos com sua própria saúde. O momento não é de euforia, mas de preocupação com o futuro dos brasileiros, mas, sobretudo, com os milhões de carentes de tudo. O respeito à democracia e a implantação de um governo sério e sólido é o que deve pretender cada brasileiro que torce de verdade pelo seu país.
Sem união, não há salvação.
Por Marco Aurélio