Opinião Jogo Aberto – 29 de Abril de 2020
Antes tarde do que nunca.
Não bastasse o estresse natural causado por pandemias como a da Covid-19, as incertezas sobre os métodos de combate à doença as vezes, geram pânico e incentivam comportamentos que agravam o problema. Lavar as mãos, usar álcool em gel, manter distância de um a dois metros de terceiros e, principalmente, não sair de casa parecem medidas corretas de controle da pandemia. Mas isso não basta.
Há que se testar, testar e testar, mas não há exames disponíveis, assim como não há respiradores suficientes e equipamentos básicos de proteção para os profissionais de saúde, razão pela qual médicos e enfermeiros contraem o vírus e se afastam de suas funções.
Há notícia de que varios profissionais da saúde em todo país se encontram infectados. As incertezas são tantas que boa parte dos especialistas chega a desaconselhar o uso de máscaras protetoras, argumentando que o leigo não sabe utilizá-las e corre o risco de tocar a máscara e o próprio rosto e, assim, contaminar-se. Ora, países asiáticos que melhor enfrentaram a pandemia são aqueles onde o uso de máscaras é uma prática corriqueira. É bem verdade que o seu uso não protege completamente, mas parece óbvio que ele minimiza o contágio.
Compreende-se que nos primeiros momentos se desaconselhasse o seu uso, uma vez que o produto, escasso no mercado, deveria destinar-se prioritariamente aos profissionais da saúde. Só mais recentemente o uso de máscaras pela população vem sendo preconizado. As próprias autoridades se renderam às evidências e passaram a recomendar a sua fabricação caseira ou mesmo o uso de lenços ou tecidos capazes de proporcionar alguma proteção.
Em recente artigo, o filósofo Luiz Felipe Pondé ironizou, dizendo que “não fazer quarentena é uma coisa que incomoda bastante”. Não usar máscara, também. As cenas de enormes filas para receber auxílio do governo, cestas básicas, regularização de CPF ou para tomar ônibus superlotados sem manter distanciamento e sem máscaras protetoras são de estarrecer.
Ora, se o confinamento é uma prática inviável para grande parte da população que presta serviços essenciais ou depende de ir às ruas para garantir seu ganha-pão, nada mais óbvio que se recomende enfaticamente o uso de máscaras.
Várias cidades espalhadas pelo Brasil, em especial as maiores cidades, incluindo a capital federal, já decretaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos. Ninguém terá acesso a estabelecimentos comerciais ou a transportes coletivos sem este tipo de proteção. Antes tarde do que nunca
Por Marco Aurélio