Opinião Jogo Aberto – 28 de Setembro de 2018
Nossos corações pulsam mais rápido do que o normal. Os problemas se acumulam – na família, entre amigos e no país. Nem a beleza do dia, coberta pelo céu azul-profundo, consegue acalmar essa ansiedade que invade nosso porto seguro. Enfrentamos o direito da duvida, mas não sabemos ao certo o que queremos dizer uns aos outros, para mim ou para você, a quem podemos dirigir nosso desabafo.
Quisera, por exemplo, poder iniciar o dia sem nos preocuparmos com informações, pesquisas, análises, notícias falsas, redes sociais, entrevistas, colunas, programas políticos (na televisão e no rádio) etc., mas, sobretudo, com os medos que, neste instante, insistem em dominar nosso corpo inteiro.
Quisera, quem sabe, retirar de nossas costas esse peso para o qual também contribuímos. Sei que essas tarefas são quase impossíveis. Tentamos, então, driblar o sentimento (ou ressentimento?) de decepção que, em cada eleição, também toma conta de todos nos. Entramos em todas elas cheio de esperanças, mas a realidade logo nos deixam atônitos. E o ânimo, para recuperá-la, além de dobrado, é escasso. Mas não podemos dar o braço a torcer, ainda que sejamos os últimos a crer em nosso sofrido país.
É provável que estejamos neste momento pensando bobagens, mas as eleições deste ano são parecidas com muitas outras, especialmente com a de 1989. Aliás, essa aparente bobagem já foi dita por gente graúda. E você sabe no que deram aquelas eleições, polarizadas pela insensatez. Salvou-as, após, um mineiro que, na Presidência, soube ser conciliador. O que hoje estranha e causa medo não é, em si, a polarização que se avizinha cada vez mais. A democracia leva sempre à polarização. Podemos sim nos referir àquela polarização insensata, quase diabólica, movida a ódio. Ela poderá nos levar a escolher entre um preso (ou nosso Poder Judiciário não vale nada?) e um esfaqueado. Um quer eleger mais um “poste”, um representante seu, não seu candidato. Por meio dele, quer manter-se vivo e ativo, como se fosse apenas uma “ideia”. O outro é um político que, ao longo de 28 anos, na Câmara dos Deputados, verbalizou barbaridades. Qual, então, merecerá nosso voto? Nos causa medo de que a vitória de qualquer deles só nos traga mais desgosto.
Nesta reta final, nossa política está tão vazia de propostas com um mínimo de princípio, meio e fim que muitas famílias proibiram, terminantemente, nas reuniões que habitualmente realizam, qualquer conversa sobre política. Esse intragável assunto está suspenso pelo menos até o próximo dia 7, se não chegarem à conclusão de que essa proibição deva continuar até o segundo turno.
Finalmente, na realidade, e para nos deixar ainda mais ansiosos, nada está decidido, “A eleição está aberta e será definida pelo grau de abstenção e pelo que acontecer na reta final. Em 2014”, “duas semanas antes, poucos imaginavam que Marina não estaria no segundo turno”.
Que Deus fortaleça nossa sociedade civil e a ajude a afastar – de um lado e de outro – o perigo de golpe que paira no ar contra ela. Que nenhum deles, sobretudo o do PT, faça com que se cumpra a profecia de Luiz Felipe Pondé: “Se Lula ganhar as eleições, o Brasil terá um retrocesso ao Paleolítico, sem querer ofender nossos ancestrais”. Nosso país está em perigo! Não provoquemos seus 206 milhões de habitantes. O inferno poderá estar aqui, perto de nós.
Por Marco Aurélio