A reforma política não sai.

A tão falada reforma política, pomposamente chamada de “mãe de todas as reformas”, parece, vai mudar para promover mudanças para que tudo permaneça igual. Duvidam? Pois olhem em que estão concentrados, armados para a briga, nossos políticos. É claro que no financiamento futuro das campanhas, supostamente para tornar mais transparente e menos corrupto o processo eleitoral. Querem que seja público. Pois não é que, antes de qualquer outra coisa, querem logo definir a formação do bolo – falam num fundo de R$ 3,5 bilhões – e a forma de dividi-lo? Lógico que a proposta de maior sucesso, capaz de unir cobras e tatus, privilegia quem já está instalado.

Ninguém tem disposição de abrir o cofre para os que estão começando, até para não ser ameaçado nas urnas. Este, certamente, será um dos grandes embates da reforma que não tem a menor chance de ser algo que mereça esse nome. Vamos ter apenas mais um remendo, naturalmente para favorecer os que já estão lá.

O “remendão” será o fundo público para financiamento de campanhas, que, sabe-se desde já, não será o único recurso a entrar nelas. Até os estagiários de marketing político sabem que, numa campanha, o que se declara à Justiça Eleitoral não foi o que efetivamente se gastou. Até porque os acertos de apoiamento político não podem ser lançados como despesas de campanha. Os “currais eleitorais”, acreditem, ainda existem, apesar de a internet, redes sociais e outras modernidades da comunicação.

Nessa área de financiamento, se quiserem mesmo fazer algo, comecem colocando todas as legendas em pé de igualdade. Todo mundo recebendo seu quinhão igual. A participação proporcional seria implantada devagar, a cada eleição. Melhor seria até que houvesse a extinção das atuais legendas e a formação de novas, dentro de um número limitado, acabando com os proprietários de partido e com a farra das negociações para a constituição da governabilidade. A extinção poderia ser decretada pela Justiça Eleitoral, considerando-se que todos os partidos estão no centro da corrupção.

Se se punem empresas, por que não punir partidos? A legenda é corrupta, ponha-se um fim nela; já que o povo não decreta esse fim pelas urnas, que o Judiciário o faça. Talvez dê resultado dispersar os corruptos. Mas apenas dispersar, na prática, não significa nada. Mesmo que não se reúnam novamente, e em pouco tempo, sob o mesmo guarda-chuva, continuarão praticando os mesmos abusos que praticaram e que resultaram nas operações da Polícia Federal e do Ministério Público, que, parece, fizeram refluir um pouco os malfeitos. A grande reforma que o país precisa realizar, já disse isso neste espaço, é a renovação de seus quadros políticos. Quem está, deve sentir-se moralmente impedido de continuar, só que não vai sair e voltará em 2018, como se nada houvesse acontecido. É que a Constituição não permite outra forma de agir. A não ser pelo voto.

Mas isso já vimos que o povo, em sua enorme apatia, não fará

Fonte : Por  Marco  Aurelio

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