OPINIÃO JOGO ABERTO: 26/06/2017
Ciclos de 30 anos .
O próximo ano será emblemático para a política brasileira. Em 2018 fecha-se mais um ciclo importante em nosso processo histórico. Desde a proclamação da República vemos, com maior ou menor precisão, ciclos de maturação de 30 anos na política brasileira. O primeiro período, que começa em 1889, estende-se até o agravamento da crise que culminou na Revolução de 30, trazendo Getúlio Vargas para o poder, o que mudou completamente a dinâmica de forças no país. Era o fim da república do café com leite, quando alternavam-se no poder nomes de São Paulo e Minas Gerais.
Com sobressaltos, mas de forma contínua, esta nova correlação de forças desenhada pelo getulismo manteve-se intacta até o final do governo JK, quando mais um ciclo de 30 anos se encerrava na política brasileira. A fadiga do material político já era sentida eleitoralmente. A chegada do novo, mais uma vez, quebrava o equilíbrio e mudava os rumos da política. No cenário, mais uma vez surgia o outsider, alguém que como Getúlio Vargas, fazia parte do sistema, mas buscava sua mudança. O nome veio de São Paulo. O prefeito e depois governador Jânio Quadros vencia a disputa pela Presidência de forma arrasadora.
O período iniciado por Jânio, que com sua renúncia acaba de forma indireta contribuindo para o início dos governos militares, iniciava mais um período de três décadas. Os sinais de fadiga do regime levam o país para a redemocratização em 1985, com eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, a Constituição de 1988 e atinge seu ápice com a escolha de mais um outsider. Governador de Alagoas, Fernando Collor, apesar de fazer parte do sistema, também buscava uma mudança de fundo. Assim como Jânio, alcança o triunfo eleitoral por um partido pequeno, com a promessa de limpeza do cenário político: combater a corrupção e moralizar a administração pública. Assim como Deodoro da Fonseca, Getúlio Vargas e Jânio Quadros, Fernando Collor chegava com a promessa de ruptura com um sistema apodrecido.
O desgaste do ciclo iniciado em 1989, inicia-se em 2013, com as manifestações que tomaram as ruas do país. As pesquisas qualitativas já apontavam o desejo por um outsider em 2014. Eduardo Campos tentava ocupar esta faixa fora da polarização PSDB-PT. O crescimento de Marina Silva aconteceu na esteira desta estratégia, mas os limites pessoais da candidata falaram mais alto. Em 2016, o eleitorado forneceu mais um elemento que corrobora a tese da vontade de renovação. As escolhas de João Dória, Alexandre Kalil, Marcelo Crivella e Nelson Marchezan Jr como prefeitos de importantes capitais são a prova de que, aos poucos, o eleitor busca uma mudança substancial.
Assim como em todos os ciclos, algum tempo antes, a população começa a emitir sinais. Em 2018, quando fechamos mais um período de maturação, potencializados pela Lava Jato e o desejo de ruptura com as tradicionais forças políticas, existe um enorme espaço para o novo. Viveremos mais uma mudança substancial em nossa política. A conferir.
Fonte : Por Marco Aurelio