Opinião Jogo Aberto – 26 de Julho de 2018

Em quem e por que votar II .

Na semana passada, uma situação que chamou a atenção foi a proximidade das eleições e a consequente exiguidade de tempo para que a sociedade possa conscientemente comparar as propostas, mesmo que ainda muito rasas e pouco reveladoras do compromisso de cada um dos quatro candidatos que naquele momento lideravam as pesquisas eleitorais. As reações não deixaram dúvidas sobre as dificuldades que ainda se enfrentam para avaliar o melhor nome, pelo perfil dos candidatos analisados, quando se tem em conta o conjunto da obra, ou seja, o histórico e a trajetória do candidato, de seu partido, seu vice e suplentes.

A sociedade brasileira, justificadamente, está enojada com tanta corrupção, tanta mentira, estupidez, incompetência e bandalheiras, componentes, essas e mais algumas outras posturas, do mesmo jogo político, pela baixa qualificação da maioria dos candidatos, de suas ideias ou da falta delas. Há ressalvas, mas muito raras. Desse amálgama se forjam a opção e também a rejeição, espelho do repugnante conceito de nossos homens públicos e que sugere a inadiável e radical necessidade de renovação de nossas representações no Legislativo e no Executivo.

Também na semana que passou, os radares dos candidatos e dos partidos foram acionados para que as convenções conseguissem garimpar bons vices servidos de prestígio junto ao eleitorado e, especialmente, minutos de televisão. Essas duas características juntas são o filé; se não estiverem num mesmo pacote, que venham os preciosos minutos de televisão, sonho dos candidatos e dos partidos, desde que os defeitos dos escolhidos não sejam fraturas expostas. Simples assim. Propostas, programas, compromissos, ideias e honra valem menos do que minutos para que candidatos possam, no horário gratuito da TV, repetir o que seus marqueteiros lhes ensinaram como melhor caminho para ludibriar a fé popular e ganhar seus votos.

Um jogo rude, sem qualquer escrúpulo, que põe sob a mesma tenda candidatos e líderes de partidos, alguns de nomes festejados, muitos deles ex ou futuros presidiários, unidos pelo fascínio por maior tempo de TV. Sim, tempo de TV é a bandeira das composições partidárias que nos apresentarão nomes para dirigir o Brasil. Para o êxito desse golpe, são parceiros, por exemplo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e os ex-presidiários Waldemar da Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB). Não se trata, claro, da discussão das melhores condutas para ser o esteio de um novo momento da vida pública nacional, nem tampouco a alvorada de uma nova história. Ajusta-se, na maior cara de pau, a continuidade de toda essa mixórdia que há décadas nos rouba a esperança de um país melhor. É contra esse estelionato eleitoral que temos que lutar se quisermos ser uma sociedade decente, agente da construção de um novo destino, que em nada se aproxima da miséria moral dos nossos dias, para não continuarmos a ser cúmplices dessa densa corja de bandidos.

Por Marco Aurélio

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