OPINIÃO JOGO ABERTO: 25/01/2018

A frase ‘não há nada tão ruim que não possa piorar’ parece brasileira
A frase nada é tão ruim que não possa piorar, se bem utilizada, pode nos servir no dia a dia para combater (ou acordar?) o desespero, que vai tomando conta de muitos de nós. Pois bem: Fernando Collor de Melo, em seu Estado natal e diante da tropa que o elegeu senador por Alagoas, no final da semana passada, anunciou sua candidatura à Presidência da República pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) nas eleições do dia 7 de outubro deste ano. Quando se imagina que poderiamos ficar livres de alguns ex-presidentes, damos de cara com mais essa: está de volta o caçador de marajás! O país está precisado de um bom banho de descarrego, embora, pessoalmente, eu não acredite nisso… Collor e sua ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Melo, que (imagine, leitor!) foi casada com o genial Chico Anysio e ainda mereceu um livro do saudoso Fernando Sabino (todos nós temos o direito de cometer pequenos erros), como o país todo sabe, fizeram o diabo contra milhões de brasileiros. Collor desafiou não só a Justiça, mas o país inteiro.
O país do patrimonialismo e do jeitinho, que parecia bem mais cordial do que era, com preconceitos soterrados pelas próprias vítimas, parecia mais ameno, e de fato o era. O ódio já podia existir, mas não era comum. Os políticos procuravam – não todos, obviamente – se tornar “homens públicos”, voltados para a prestação do desmoralizado bem comum.
Já tivemos tempos melhores e, também, nos Três Poderes, que são a base estrutural do regime democrático, homens e mulheres melhores, mesmo apesar de que “o Brasil é um deserto de homens e de ideias”. De todo modo, não é fácil identificar as razões que levaram o país a se transfigurar, a mudar não só sua feição cordial, mas seu próprio caráter.
Esperamos que, a partir do julgamento do ex-presidente Lula, o Brasil se conscientize da inteligência que tem e tente remodelar, democraticamente, seu caráter. Essa seria, com certeza, sua maior transfiguração!
Fonte: Por Marco Aurelio