Opinião Jogo Aberto – 25 de Julho de 2018

Eleitores e candidatos têm objetivos distintos na eleição .

A eleição está chegando, Está chegando a eleição!

Quem se importa com isso? Chamou muito a atenção as afirmações do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, de que a população está enojada com a política e que nunca viu o eleitor tão frio e desmotivado.

Aqui, no jogo aberto comentamos os resultados das pesquisas eleitorais, mostrando estabilidade na alta proporção de eleitores que, nas consultas espontâneas, não querem ou não sabem apontar um candidato preferido para ocupar a cadeira de presidente da República a partir de 1º de janeiro do próximo ano. Há muitos meses, em cada dez brasileiros, sete vêm resistindo aos candidatos.

Nos próximos dez dias, as convenções estarão encerradas, e o país saberá quais serão os candidatos e as coligações formadas. As traições virão depois.

Até agora, os políticos estão organizando suas estratégias com vistas a somar maior espaço possível de tempo na propaganda gratuita – que será de apenas 45 dias – para quebrar a resistência dos eleitores. É a reprodução escancarada das práticas tão rejeitadas pela população de conchavos, acordos e compromissos visando distribuir as benesses do poder, quase sempre em nome da notória governabilidade, cujo sentido transmuda conforme os interesses em jogo.

Assim, a eleição divide o país em dois. De um lado, sua realidade, representada pelo povo descrente, sem perspectiva de futuro, por mais de 13 milhões de desempregados e por milhares de empresas fechadas; de outro lado, o campo fantástico dos políticos, cultivado em Brasília pelo adubo fértil dos favores do governo. Políticos que querem continuar se alimentando do poder, que está moribundo. Este é o objetivo oculto dos candidatos. Quanto mais fétido o poder, mais fácil será devorá-lo, assim como o carcará faz com suas presas no sertão deste país.

As convenções partidárias exibem as entranhas dessa luta cruel pela sobrevivência dos políticos, quando seus partidos negociam tudo, menos compromissos para governar o país. Primeiro é necessário iludir os eleitores que têm a chave para abrir a porta dos palácios onde vão devorar a carne que ainda resta do governo. Para isso, vale tudo.

O grupo mais ávido para se saciar do poder é o chamado “centrão”, que já se ofereceu a candidato sem nenhuma afinidade programática, como Ciro Gomes, e parece encontrar sua guarida em Geraldo Alckmin, que a qualquer custo busca oxigênio para sua débil candidatura. Arranjo que teve a mão suja de político sem mandato, mas com controle de partido e conhecimento das fraquezas de todos. São os carcarás luzindo seus solidéus negros e afiando suas garras para o ataque final.

O carcará mais poderoso e perigoso da região está preso. Se sair da gaiola, com seu canto enganador grave para iludir os mais incautos eleitores, não sobrará carne para nenhuma outra ave de rapina, a menos que se junte a ele.

Um novo carcará, diferente dos comuns, pois tem sobre a cabeça um solidéu verde-amarelo, mais agressivo, com seu bico adunco e ponta afiada, como a lâmina de um cutelo, é uma ameaça a todos que se unem para enfrentá-lo na batalha final. Esse carcará está voando isolado, mas muito atento. Afinal, ele poderá parecer diferente aos eleitores. É um perigo real.

Para evitar a identificação dos carcarás, na campanha não haverá mais sigla nem símbolo ou cores dos partidos políticos.

Os eleitores brasileiros que se cuidem porque, como cantou João do Vale, carcará pega, mata e come.

 

Por Marco Aurélio


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