Opinião Jogo Aberto – 22 de Novembro de 2018
Governo Bolsonaro não pode errar e tem pouco tempo para aprender.
O governo Bolsonaro vai se moldando aos poucos. Já houve acertos na indicação de nomes. São milhares – de primeiro, segundo e terceiro escalão – que ainda serão nomeados. O futuro ministro das Relações Exteriores vai enfrentar grandes dificuldades. Pelo pouco que já disse até agora, está longe de ser dos melhores. Tomara que seja apenas um ponto fora da curva. Tomara, também, que o eleito esteja imbuído da ideia de que necessita aprender com o tempo. Aprender muito e em curto tempo, pois não há mais tempo para perder. Ter boas intenções na caminhada é bom, mas não é o suficiente. Diziam os mais antigos, que o caminho do inferno está palmilhado de boas intenções.
Voltar atrás, como o eleito já fez, não tem nada de mais. Pelo contrário. É errando que se acerta. A questão é ter humildade para voltar atrás. Não dá para extinguir os ministérios do Meio Ambiente e do Trabalho? Pois então que se volte atrás. Aos poucos, o novo governo (e os brasileiros querem um novo governo) vai tomando forma. Vai tomando consciência, sobretudo, da enorme máquina que vai administrar. E que sempre será enorme, ainda que se corte muito dela. É bom fincar os pés no chão para, depois, analisar nossas necessidades.
A eleição passou, e já se iniciou a fase de falar a verdade: “Nunca se mente tanto como antes da eleição, durante uma guerra ou depois de uma caçada”. Por sua notoriedade, a frase poderia ser de qualquer um. Ela não é minha, nem me lembro do nome de seu autor. Lembre-se de outra, “A política é a arte do possível”. Para alguns, essa frase encerra alguma esperteza. Ela serve para explicar o que não se fez. Ou seja: ao dizer assim, o político de modo geral não se sente culpado pelo que deveria ter feito e não fez. Uma boa escapatória.
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Sinceramente, serão governados por aqueles que gostam”. Ou este plágio, do ex-presidente Lula, que conseguiu escrever sobre si mesmo a mais triste história de todos os tempos: “Quem não gosta de política corre o risco de passar a vida inteira sendo mandado por quem gosta”. Para terminar, deixando Lula no meio, “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”.
Bolsonaro, há longos 28 anos no Parlamento, às vezes demonstra que não gosta de política. Provou isso ao ser intempestivo na questão dos médicos cubanos. Fez o que um político não deve fazer. Sua intempestividade criou problemas para o atual governo, para nosso país e para milhões de brasileiros carentes. Teria adiante, já empossado, argumentos de sobra para desfazer o que fez a ex-presidente Dilma Rousseff, ao contratar médicos cujos currículos desconhecia. Não discutimos o bem que possam ter feito, mas são escravos de seu próprio país.
Agora, dizer, sobretudo no exterior, que a vitória de Bolsonaro fez o país entrar numa “variante de neofascismo” ou num “regime de exceção diferente das ditaduras militares que tivemos” só poderia ser coisa elaborada pela mente atormentada da ex-presidente.
Menos, dona Dilma, bem menos, é o que sugerimos.
Por Marco Aurelio