Opinião Jogo Aberto – 22 de Abril de 2020
Nossa grande depressão.
O sonho do crescimento neste ano acabou. O mundo entrou em recessão. Nunca antes as revisões das estimativas para o crescimento da economia global haviam mudado tão rapidamente em tão pouco tempo. Tendo uma avaliação mais abrangente da pandemia mundo afora, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que esta será a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929.
Não havendo vacina ou tratamento seguro para controlar a pandemia, a medida disponível é o isolamento social, em suas diferentes versões, desde o “lockdown” total até o confinamento seletivo. Um de seus efeitos colaterais é a paralisação da economia, em consequência da interrupção de atividades produtivas e da imobilidade das pessoas. Não se produz e não se consome. O desemprego cresce. O inimigo de todos é o coronavírus, potente e invisível.
A guerra contra o coronavírus é mundial e está em curso. O FMI estima retração na economia global, neste ano, em 3%, maior do que a recessão de 2008/2009. Nesse cenário, que é o mais benigno, considerando-se a manutenção do isolamento social, a economia global deverá voltar a crescer em 2021. No caso do Brasil, o impacto negativo será severo. O PIB se retrairá 5,3%, e a renda per capita, 5,9%! Queda maior do que na recessão 2015/2016. O FMI estima que, aqui, a recuperação ficará para meados de 2021.
As incertezas são grandes. O novo vírus já contaminou e matou centenas de milhares de pessoas e atingiu profundamente a economia. Sem eliminar a progressão da contaminação, não haverá crescimento.
Em seu relatório o FMI orienta os países a enfrentarem essa guerra em três fronts. O primeiro, no combate ao vírus com as armas disponíveis, que são os diferentes graus de isolamento, considerando a expansão da epidemia local e a disponibilidade de atendimento do sistema de saúde. No segundo front, garantir meios de subsistências às famílias e aos negócios mais vulneráveis, enquanto perdurar a batalha, utilizando as políticas públicas para a transferência de renda e a oferta de crédito; e, finalmente, conceber e preparar um plano de recuperação econômica para ser executado quando a epidemia estiver controlada. O futuro se escreve no presente.
No Brasil, há consenso dentro do governo sobre as melhores estratégias para enfrentar o inimigo comum – a Covid-19. É um choque como não se via há mais de um século. Não se tem ainda noção da intensidade e da extensão da crise.
Para o êxito das ações, são necessários alguns pré-requisitos, como liderança, conhecimento científico, solidariedade, humildade e cooperação.
Não é hora para disputas, diversionismo ou divisões. A união é a chave do sucesso. O insucesso será a depressão.
Por Marco Aurélio