Opinião Jogo Aberto – 21 de Abril de 2020
iplomacia humanitária.
Dentre tantas frentes abertas no combate a pandemia, uma delas chama a atenção, focada nos esforços que tem sido realizados para repatriar brasileiros que estão no exterior e desejam retornar ao nosso país. Diante da falta de voos e limitações logísticas, a situação de muitos tornou-se extremamente complicada. Estamos diante de uma questão humanitária, que é a repatriação de nacionais diante de uma situação de risco.
Um país possui compromisso com seus nacionais e felizmente enxergamos isso diante desta emergência com os brasileiros que se encontram no exterior. Existem brasileiros nos lugares mais distantes, inóspitos e muitas vezes sem recursos para prolongar sua estada. Resgatar seus cidadãos tornou-se uma responsabilidade de países que possuem meios reais de repatriação, uma medida de proteção do Estado diante de seus nacionais em território estrangeiro.
Quando se celebra o dia do diplomata, homenagem a data de nascimento, em 1845, do patrono da diplomacia brasileira, José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, acredita=se ser a data ideal para entendermos os esforços de nosso serviço exterior diante da pandemia. A repatriação dos brasileiros, entre tantas dificuldades, é uma ação que precisa ser percebida por nossa população.
Nosso Itamaraty, orientado pelas diretrizes desenhadas pelo Chanceler Ernesto Araújo, trabalha em uma ação sem precedentes para trazer os brasileiros que estão no exterior, um esforço que começou no traslado daqueles que estavam na China, no epicentro da pandemia, e se espalhou depois por diversos países. Fato é que o Brasil assumiu uma posição ativa para repatriar seus nacionais.
A ausência de voos comerciais tem sido um dos maiores problemas enfrentados por aqueles que desejam voltar ao seu país. Para isso, agiu-se no sentido de trabalhar com voos fretados e parcerias com companhias aéreas que pudessem desempenhar este papel. O resultado, até o momento, tem sido muito positivo, uma vez que mais de 11 mil brasileiros já conseguiram retornar ao país. Calcula-se que cerca de 6.000 ainda devem chegar ao Brasil, do quais 2.000 estão em Portugal.
Trabalhar pelos nacionais que se encontram em situação tensa e preocupante no exterior, como tem acontecido, é uma das principais vertentes do que se pode chamar de diplomacia humanitária. O esforço em ajudar nacionais em situação vulnerável, mediante a capacidade de mobilizar recursos pertinentes para responder de forma eficaz, tem sido fundamental diante da pandemia. Ao responder de maneira ativa as demandas dos brasileiros no exterior, nosso serviço diplomático alcançou resultado notável e elogiável por outras nações.
Esta noção de diplomacia humanitária é o principal vértice de organizações internacionais como Cruz Vermelha e Acnur, entretanto, precisam sempre da parceria dos serviços exteriores nacionais para alcançar resultados tangíveis. Ao participar de forma ativa deste esforço internacional, o Brasil faz jus a sua tradição diplomática. A repatriação, neste momento, tornou-se elemento essencial de nossa política externa, que com foco no cidadão, tornou-se um instrumento efetivo e real de fortalecimento do caráter humanitário de nossa diplomacia.
Por Marco Aurélio