O baixo prestígio da educação entre os brasileiros
A escola brasileira vive uma crise sem fim, padecendo de precária infraestrutura na maioria das unidades; corpo docente desqualificado; sérias distorções filosóficas; frequentes conflitos com agressão física; baixíssimos índices de aprendizagem; alta taxa de evasão escolar; e intervenções descabidas de políticos. Isso expressa o tratamento relapso conferido pelos governantes, enquanto grande parte das famílias não mostra comprometimento maior com o sistema educacional. Muitas não estimulam os filhos a continuar os estudos, após o curso fundamental, porque preferem que eles assumam logo o trabalho remunerado a fim de contribuir para o orçamento doméstico. Outras almejam um “doutor”, mas não se incomodam com a qualidade do ensino, pagando trabalhos no mercado ilegal, pressionando diretores contra os professores e custeando mensalidades elevadas em empresas de expedição de diplomas.
A educação é tema recorrente em campanhas eleitorais, mas os vitoriosos não cumprem suas promessas nem criam projetos para destacar os méritos dos bons estudantes. Aquelas deficiências agravam-se ano a ano, gerando resultados pífios na formação dos jovens e frustração pessoal quando eles não conseguem demonstrar conhecimento indispensável à modernidade. Muitos egressos desenvolvem aversão tão grande pelo sistema ineficiente que vandalizam, depois, o patrimônio das instituições, penosamente construído por quem vive seu cotidiano.
Já houve boas escolas públicas neste país, em todos os níveis, mas a expansão da rede, desde meados do século XX, para universalizar o ensino, foi realizada sem o necessário aporte financeiro, inviabilizando muitas atividades com professores especializados e improvisando instalações. As crianças têm chegado sem conhecer os limites para a convivência pacífica e ordeira; há o desconforto de salas superlotadas, e os recursos materiais são sempre insuficientes.
Torna-se indispensável reverter esse quadro para que o país possa enfrentar os desafios inerentes ao desenvolvimento socioeconômico, diante do risco de perder definitivamente a competitividade no cenário internacional, mesmo quando se considera apenas a América Latina.
Algumas medidas são fundamentais nesse processo, como conferir aos professores os instrumentos indispensáveis para controlar a disciplina de seus alunos. Os prédios precisam ser confortáveis, bonitos e seguros, viabilizando horário integral, para que um expediente seja com atividades acadêmicas e outro destinado às artes, ao atendimento individual das dificuldades de aprendizagem, a exercícios físicos e ao levantamento de informações sob a supervisão de especialista em pesquisa documental.
Os governantes têm alardeado a inclusão digital dos estudantes, doando equipamentos eletrônicos, mas qualquer medida nesse sentido será eficaz apenas se houver também combate à rebeldia às normas sociais, à linguagem vulgar e à dependência de todos os estudantes em relação à calculadora.
Por Marco Aurelio
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