Opinião Jogo Aberto – 17 de Julho de 2018

Em quem e por que votar?

Distantes apenas dois meses e meio das próximas eleições, os brasileiros assistem às manobras e às composições que possibilitarão a construção das chapas concorrentes à Presidência da República, aos governos estaduais, a duas vagas no Senado Federal por Estado, à Câmara dos Deputados e às assembleias legislativas. Nada diferente, ao que parece, das eleições passadas, senão a exiguidade de tempo para se selarem compromissos sérios, em torno dos quais a sociedade poderá saber quem deve eleger e depois quem buscar para representá-la em suas demandas. Ideias e programas de governo, por enquanto, e assim se demonstra, são de menos importância. O país reclama a discussão de profundas reformas, insistente e irresponsavelmente adiadas com as mais diversas justificativas, mas todas elas marcadas pelo medo de que possam influir na opção do eleitorado no próximo mês de outubro.

Até o impeachment de Dilma Rousseff, nada foi feito de extraordinário, até porque foi a própria ex-presidente e seus chegados que conduziram, mal e porcamente, o que ainda restava do patrimônio público. Ademais, Dilma, por limitação cerebral, nunca foi capaz de tratar duas ideias ao mesmo tempo; embola os pés ao andar e cai. Entrou Temer, e foi possível ouvir que o novo presidente, lá nos primórdios de seu governo, demonstrava estar saindo-se melhor do que a encomenda. Durou pouco a festa, porque Michel Temer e seu grupo mais próximo mais cuidam de conter a curiosidade da Polícia Federal sobre seus telefones, contas bancárias, malas saídas de pizzarias e outras guardadas em apartamentos baianos do que propriamente do Brasil.

E agora estamos novamente nas eleições. Para ficarmos nos quatro nomes que mais se destacam nas pesquisas – Lula, Bolsonaro, Marina e Ciro –, os ajustes necessários pertencem a outras realidades. A candidatura de Lula, por exemplo, para tornar-se possível, será necessário que se faça emergir do STF o entendimento de que está errada a Lei da Ficha Limpa. Comemorado nacionalmente foi o parecer de que aos réus condenados em segunda instância – composta essa de colégio de juízes, daí se configurando o voto colegiado – não se reconhecerá o registro de candidatura. Mas para Lula se espera um julgamento diferente. Bolsonaro está de lanterna nas mãos para encontrar um partido que disponha de um nome mais ou menos idôneo para ser seu vice, mas que agregue recursos. Não há ideias, compromissos, propostas: é um idiota falastrão, frasista, uma reedição do “prendo e arrebento”, que quer um parceiro que tenha tempo de TV para que o cabeça de chapa derrame no horário eleitoral sua vigorosa estupidez, como se governar um país com os problemas que temos fosse tarefa para um boçal.

Marina Silva, novamente na disputa, vai buscar o nome do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, para seu vice. Ele foi diretor de Meio Ambiente do BNDES – daí, talvez, a identidade com Marina. Candidata nos pleitos passados, Marina escondeu-se no Acre nos últimos anos e sempre foi uma ausente nos momentos mais críticos da realidade nacional. Restou Ciro Gomes, um estilo “meio Bolsonaro” de ser; ao contrário de seu adversário, porém, Ciro tem boa formação acadêmica, discute com conhecimento os problemas do Brasil, conhece economia e administração pública e é corajoso, mas excessivamente destemperado.

Pior quadro e piores opções não se veem juntos há muito tempo.

 

Por Marco Aurélio


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