Opinião Jogo Aberto – 16 de Outubro de 2018
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A disputa em segundo turno dos candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, imporá o respeito a um filtro mais rígido dos valores e compromissos propostos pelos dois pretendentes. Por enquanto, ambos estão se debatendo em torno de assuntos que mal servem para alimentar charges e memes nas redes sociais. Sobre a mesa estão discussões sobre como serão tratadas doravante, por Haddad e Bolsonaro, a comunidade gay, a adoção do comunismo de segunda a sábado, exceto nas cidades da orla, a comunhão de araque de Manuela e Haddad numa missa a que foram no dia de Nossa Senhora de Aparecida. Apenas firulas.
Há uma grande frustração moral em ambas as campanhas. De um lado, a mentira de Jair Bolsonaro para não comparecer aos debates e a sabatinas, escudando-se em atestados médicos. E, de outro, a tentativa de Haddad de esconder sua falta de identidade própria e a dependência de seu partido de abastecer-se semanalmente de ideias e manobras numa penitenciária da Polícia Federal em Curitiba, ditadas por um presidiário condenado pela prática de crimes contra o patrimônio público.
Dessas posturas sobressai o quanto são temerárias as perspectivas de solução do quadro que já se vislumbra muito grave, a se considerar a falta de propostas consistentes de qualquer uma das duas chapas. Estamos num momento em que se agravam os efeitos de uma crise institucional, política e econômica que há uma década se arrasta, nos vitima e corrói nossas esperanças.
Precisamos gerar 15 milhões de empregos e levar para o trabalho e para a escola igual parcela de jovens de 14 a 24 anos, abandonados à própria sorte. Devemos também tornar a saúde, a segurança e a habitação bens franqueados ao acesso de toda a sociedade, como manda a Constituição, especialmente dos mais miseráveis, nesse patamar instalados pela falta de políticas públicas e, também, porque os cofres públicos foram vergonhosamente roubados por uma corja que há décadas superfatura o pagamento de obras e serviços para o enriquecimento de suas empresas e de suas famílias. Marginais, ladrões, assassinos da decência e de nossa história, os quais, quando o Judiciário os alcança, ainda encontram artifícios para burlar os códigos e, assim, se valerem de privilégios que os transformam de bandidos em cabos eleitorais.
Nossos candidatos, sejam os concorrentes a governador do Estado, ainda não eleitos, e os que disputam a Presidência da República, nunca tocaram, em políticas de redução do custo da energia elétrica, que na região norte é estupidamente mais alta para que a companhia destine milhões por mês para remunerar assessores de indicação política e de duvidosa competência. Outras tarifas públicas são igualmente absurdas, além da burocracia muitas vezes burra e desnecessária; no mesmo caminho passam as alíquotas de impostos que tornam nossos produtos os mais caros e menos competitivos para concorrer nos mercados, porque são os mais onerados do planeta.
Ajustem-se, senhores candidatos. Assumam com responsabilidade e coragem moral os compromissos que a sociedade espera de cada um de vocês. O tempo urge. A fome dos miseráveis, também.
Por Marco Aurelio